Outras Modernidades: OMO

Tem umas histórias que eu descubro meio que sem querer e depois fico não me aguentando enquanto não contar por aqui…

Sempre fiquei meio encafifado de onde vinha a marca “OMO”. O porquê, raios, deram um nome tão esquisito a um detergente em pó? Tá, a “palavra” em si tem lá suas vantagens publicitárias, é curta, fácil de guardar, etc, etc, etc. Mas o comichão persistia. Até agora.

Muito bem. A marca OMO foi registrada na Inglaterra, no longínquo ano de 1908, pela Lever Brothers. O produto, então, era apenas um amaciante de roupas que, mais tarde, lá pelos idos de 1909, daria lugar a um sabão em pó para limpeza de tecidos brancos. Seu nome era a abreviatura de Old Mother Owl (velha mãe coruja), uma espécie de representação do zelo materno e da sabedoria.

Ou seja, a “palavra” OMO era simplesmente um acrônimo com as primeiras letras da referência da “velha mãe coruja”… Tanto o é, que ali no desenho dá pra ver que os olhos e o bico formam “OMO”. Ah, esses publicitários de antigamente…

Já em 1954, o OMO foi relançado em uma nova versão, detergente em pó. Esse sofisticado e novo conceito de detergente em pó, artigo elaborado com matérias-primas sintéticas e capaz de atingir resultados de limpeza muito mais eficientes do que o tradicional, conquistou as donas de casa inglesas e, na sequência, também as européias. Afinal era muito mais prático trocar uma barra de sabão em pedra por uma caixa de detergente em pó!

O produto foi oficialmente lançado no Brasil em 1957, após uma longa e misteriosa campanha com chamadas de rádio – principal mídia da época – e nos jornais, que estampavam em suas páginas a intrigante pergunta: “Mas como? Omo?”. Vocês estão percebendo como essa palavrinha esquisita já vinha encafifando as pessoas há muito tempo?

Só que, por não fazer sentido na língua portuguesa, a imagem da coruja nunca foi utilizada no país. “Onde Omo cai a sujeira sai” foi o slogan com que os brasileiros foram apresentados ao OMO. A maior novidade por aqui era a cor azul do pó, pois foi levado em conta o hábito brasileiro de utilizar anil para realçar o branco das roupas…

Já na década de 80, o OMO foi mais uma vez relançado com nova fórmula e embalagem. O principal diferencial era a fragrância selecionada entre sugestões das maiores perfumarias do mundo. As campanhas baseadas em “depoimentos reais” de donas de casa procuravam destacar que, mesmo com preço mais elevado em relação a outras marcas, OMO era vantajoso pelo melhor rendimento e desempenho. Ah, tá.

Enfim, essa popularidade conquistada em mais de 50 anos de mercado brasileiro é devida, em grande parte, pelos seus muito bem bolados slogans (particularmente só lembro do primeiro):

“Omo faz, Omo mostra.”

“Porque não há aprendizado sem manchas.” (2000)

“Sujeira não escolhe cor.” (2006)

“Porque se sujar faz bem.” (2007)

 
 

2 thoughts on “Outras Modernidades: OMO

  1. Prezado Adauto:

    Buscando a origem da expressão “mãe coruja”, deparei-me com sua página e toda a história do detergente OMO… Gostei, obrigada pela partilha. Vou repassar o “causo” para meus alunos.
    Grande abraço!

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