Superman – XIV

O Mundo de Krypton

A cinquenta anos-luz da Terra, existe uma estrela anã vermelha, ao redor da qual orbitam os restos do falecido planeta Krypton. Antes de sua destruição, Krypton era um mundo relativamente pequeno, mais ou menos do tamanho da Terra, habitado por uma civilização extremamente avançada.

Há mais de 200.000 anos, no final da Quarta Era Histórica de Krypton, a ciência local havia aperfeiçoado um sistema de extensão de vida através da clonagem. Nesse sistema, retiravam-se amostras de células de todos os kryptonianos recém-nascidos e, a partir daí, cultivavam-se clones em enormes câmaras subterrâneas. Em meados da Quinta Era de Krypton, todo homem, mulher e criança tinham um mínimo de três clones em diversos estágios de desenvolvimento. Mantidos no ápice da condição física, os clones era usados para fornecer “peças de reposição” quando seus “originais” sofriam ferimentos, eram acometidos de doenças ou envelheciam. Os clones, mantidos em hibernação, não eram considerados humanos e não tinham direitos.

Um segmento da população, porém, começou a ver esse sistema com maus olhos. Um Movimento pels Direitos dos Clones começou a crescer na capital mundial de Krypton, Kandor. Grupos terroristas proliferaram, e o maior deles era o extremista Zero Negro. Os membros do Zero Negro se dedicavam à destruição total do planeta, acreditando que seria a única maneira de vingar o que viam como o assassinato de bilhões de clones kryptonianos. O Zero Negro detonou um dispositivo termonuclear no coração de Kandor, destruindo a cidade e matando seus 40 milhões de habitantes. Por causa disso, Krypton foi varrido pela sua primeira guerra mundial.

A destruição de Kandor marcou o início da Sexta Era Histórica. Quase todos os traços da alta cultura da Quinta Era foram apagados durante terríveis mil anos de violência. Soldados vagavam pelo planeta arruinado em enormes trajes de combate, procurando e exterminando grupos rebeldes. Ainda assim, por mais horrível que tenha sido a Sexta Era, restaram sobreviventes o suficiente para plantar as sementes da Sétima e Última Era.

A Sétima Era durou quase cem mil anos e, embora tenha sido um período tranquilo, sua paz vinha da esterilidade. Os sobreviventes da selvagem Sexta Era se dedicaram a criar um mundo livre de descontentamento. Os Bancos de Clones haviam sido destruídos na guerra, e os biocientistas restantes procuraram novos meios de sustentar a vida. A partir da tecnologia dos trajes de guerra da Sexta Era, eles desenvolveram uma veste bioestimulante, um traje negro, que preservava e prolongava suas vidas por séculos. Envolvidos nessas vestes protetoras desde o nascimento, os nativos de Krypton se tornaram seres solitários, servidos por robôs. O contato físico se tornou cada vez menos aceitável e a reprodução foi relegada à fertilização e gestação em laboratórios.

Todavia, enquanto a Sétima Era avançava em paz, um dispositivo ativado pelo Zero Negro quase cem mil anos antes estava produzindo uma reação em cadeia no núcleo do planeta, criando um novo elemento radiativo, o kriptônio. Terremotos abalavam o mundo à medida que suas pressões internas aumentavam. A radiação mortífera do novo elemento começou a vazar através da crosta superficial, matando vinte milhões de pessoas durante o último ano de existência de Krypton. Descobrindo o segredo por trás das forças que estavam condenando seu mundo, o cientista Jor-El ordenou a remoção da matriz vital de seu filho das câmaras de gestação e acoplou-a a um veículo intergaláctico especialmente projetado por ele. Jor-El planejava enviar a matriz através do hiperespaço até o planeta Terra.

Jor-El era, em vários sentidos, um romântico, um homem fora de seu tempo. em seus últimos momentos, enquanto a câmara matricial do feto se afastava do mundo condenado, o cientista partilhou seus sentimentos com Lara, sua esposa, declarando seu amor por ela. E então Krypton explodiu, transmutando a totalidade do planeta moribundo em kryptonita, o minério do kriptônio.

Décadas depois, a câmara pousou na Terra, e um bebê nasceu… a criança que se tornaria o nosso maior herói: Super-Homem.

O planeta Krypton existe até hoje, na forma de uma nuvem de poeira e entulho radiativo que envolve um núcleo de kryptônio derretido.


Publicado na Revista Super-Homem nr. 118, em 1994

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  (Publicado originalmente em algum dos sites gratuitos que armazenavam o e-zine CTRL-C)

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