“Esta ligação executou uma operação ilegal…”

E eis que a Microsoft comprou o Skype.

Pela simples bagatela de U$8.5 bi.

Vocês entenderam?

Estamos falando de bi. BILHÕES.

OITO E MEIO BILHÕES DE DÓLARES!!!

Vocês têm noção de quanto estamos realmente falando? Já tratei desse assunto aqui, mas vamos lá: vocês conseguem, num exercício de chutologia aplicada, adivinhar quanto dura um milhão de segundos? Então tentem o mesmo com um bilhão de segundos. Pronto? Bem, caríssimos, na prática um milhão de segundos somam menos que 12 dias; um bilhão chegam a quase 32 anos! Pegaram a noção da dimensão do montão de dinheiro que estamos falando?

E se multiplicarmos isso por oito e meio?

Então.

Agora fica a dolorosíssima, dangerosíssima, pergunta que insiste em não calar: o que raios a Microsoft pretende fazer com o Skype?…

Medo

Em algum lugar, alguma vez, lembro de ter lido uma frase que dizia algo como “é o medo que nos define”.

É uma afirmação que sempre achei curiosa, devo confessar…

Mas nunca parei muito para pensar nisso.

Até agora.

Se tomarmos essa premissa como verdadeira, temos uma barreira praticamente intransponível para enfrentar. Entendam que quando falo de “medo”, não estou tratando apenas das famosas fobias, daqueles grandes medos que nos impedem de tomar atitudes, paralisando-nos de maneira tal que corremos até mesmo o risco de perder o discernimento entre o certo e o errado. Quando falo de “medo”, refiro-me a todos os pequeninos temores de nosso dia-a-dia, todos os receios, todas as indefinições que também têm o condão de, senão paralisar-nos, ao menos fazer com que hesitemos.

E, creio eu, é aí que reside a singela verdade da frase lá do início. Na maior parte das vezes é através do medo, do receio, que encontramos um limite natural para nossa valentia…

Sim, confuso, eu sei. Mas vamos tentar melhorar um pouco essa linha de raciocínio tentando definir o que, afinal de contas, esse medo – ou “medos” – podem vir a definir? Nossos atos. Nossas vontades. Até mesmo nosso livre arbítrio, por que não?

– medo de fazer a coisa errada – ou a certa;

– medo de não ser aceito – ou de sê-lo;

– medo de não dar conta de suas responsabilidades – ou de dar;

– medo de não ser bom o suficiente – ou de ser ainda melhor;

– medo de não sobreviver – ou de sobreviver a todos;

– medo de não ter resposta – ou de tê-la;

– medo de não estar à altura – ou de se superar;

– medo de esquecer – ou de lembrar;

– medo do passado – ou do futuro;

– medo de não ser amado – ou de amar…

Enfim, os exemplos são incontáveis. Mas, vejam, de um modo geral, quão pequeninos são! A palavra “receio” talvez realmente seja uma substituta melhor nesse contexto… Mas, ainda assim, é possível perceber que ao darmos ouvidos a esses insignificantes corvos crocitando em nossos ombros, realmente estaremos sendo “definidos” por eles! E esses medos nos acompanham diariamente, passo a passo, momento a momento e quando menos esperamos o coração dá um solavanco de insegurança e nos permitimos ser guiados pelo mero receio que um ou mais desses medos se realizem.

Ainda que nunca venham a acontecer.

Mesmo que a lista acima seja um mero exemplo, tenho absoluta certeza que em algum momento qualquer um de vocês já passou por alguma dessas situações, isoladamente ou não.

Por puro medo.

Deixamos de fazer o que queremos, o que gostaríamos ou mesmo o que desejamos – somente para adequar nossas ações a uma expectativa que talvez jamais se cumpra!

E isso é um fato.

E vejo esse padrão repetir-se não só ao meu redor, por aqueles que me cercam, mas inclusive por aqueles que sequer conheço e até mesmo comigo também…

O que nos leva ao ponto primordial que este texto pedia – porque são eles, os medos, que vêm até mim, ainda que eu não os procure.

Não sei vocês. Mas, por mais que pareça uma bravata, tenho certeza absoluta de que uma atitude concreta é necessária. Ao menos para mim. Uma decisão com a qual convivo e devo conviver. Sempre.

Por mais medo que aparentemente me cause.

E é simplesmente simples:

– Recuso-me a ser definido pelos meus medos!

(E vocês? Como ficam?)

Politicamente fascista

Marcelo Coelho
Folha de São Paulo

O comediante Danilo Gentili pediu desculpas pela piada antissemita que divulgou no Twitter. A saber, a de que os velhos de Higienópolis temem o metrô no bairro porque “a última vez que eles chegaram perto de um vagão foram parar em Auschwitz”.

Aceitar suas desculpas pode ser fácil ou difícil, conforme a disposição de cada um. O difícil é imaginar que, com isso, ele venha a dizer menos cretinices no futuro.

Não aguentei mais do que alguns minutos do programa “CQC”, na TV Bandeirantes, do qual é ele uma das estrelas mais festejadas.

Mas há um vídeo no YouTube, reproduzindo uma apresentação em Brasília do seu show “Politicamente Incorreto”, em outubro de 2010.

Dá para desculpar muita coisa, mas não a falta de graça. O nome oficial do Palácio do Planalto é Palácio dos Despachos, diz ele. “Deve ser por isso que tem tanto encosto lá.” Quem o construiu foi Oscar Niemeyer, continua o humorista. E construiu muitas outras coisas, como as pirâmides do Egito.

A plateia tenta rir, mas só fica feliz mesmo quando ouve que Lula é cachaceiro, ou que (rá, rá) o nome real de Sarney é Ribamar. Prossegue citando os políticos que Sarney apoiou; encerra a lista dizendo que ele só não apoiou o próprio câncer porque “o câncer era benigno”.

Os aplausos e risadas, pode-se acreditar, vêm menos da qualidade das piadas e mais da vontade de manifestação política do público.

Detestam-se, com razão, os abusos dos congressistas brasileiros. Só por isso, imagino, alguém ri quando Gentili diz preferir que a capital do país ficasse no Rio: “Lá pelo menos tem bala perdida para acertar deputado”.

Melhor parar antes que eu fique sem respiração de tanto rir. Como se vê, em todo caso, o título do show não é bem o que parece.

“Politicamente incorreto”, no caso, faz referência às coisas erradas feitas pelos políticos, mais do que ao que há de chocante em piadas sobre negros ou homossexuais.

A questão é que o rótulo vende. Ser “politicamente incorreto”, no Brasil de hoje, é motivo de orgulho. Todo pateta com pretensões à originalidade e à ironia toma a iniciativa de se dizer “incorreto” – e com isso se vê autorizado a abrir seu destampatório contra as mulheres, os gays, os negros, os índios e quem mais ele conseguir.

Não nego que o “politicamente correto”, em suas versões mais extremadas, seja uma interdição ao pensamento, uma polícia ideológica.

Mas o “politicamente incorreto”, em sua suposta heresia, na maior parte das vezes não passa de banalidade e estupidez.

Reproduz preconceitos antiquíssimos como se fossem novidades cintilantes. “Mulheres são burras!” “Ser contra a guerra é viadagem!” “Polícia tem de dar porrada!” “Bolsa Família serve para engordar vagabundo!” “Nordestino é atrasado!” “Criança só endireita no couro!”

Diz ou escreve tudo isso, e não disfarça um sorrisinho: “Viram como sou inteligente?” “Como sou verdadeiro?” “Como sou corajoso?” “Como sou trágico?” “Como sou politicamente incorreto?”

O problema é que “politicamente incorreto”, na verdade, é um rótulo enganoso. Quem diz essas coisas não é, para falar com todas as letras, “politicamente incorreto”. Quem diz essas coisas é politicamente fascista.

Só que a palavra “fascista”, hoje em dia, virou um termo… politicamente incorreto. Chegamos a um paradoxo, a uma contradição.

O rótulo “politicamente incorreto” acaba sendo uma forma eufemística, bem-educada e aceitável (isto é, “politicamente correta”) de se dizer reacionário, direitista, fascistoide.

A babaquice, claro, não é monopólio da direita nem da esquerda. Foi a partir de uma perspectiva “de esquerda” que Danilo Gentili resolveu criticar “os velhos de Higienópolis” que não querem metrô perto de casa.

Os vizinhos judeus, por exemplo. É este um dos mecanismos, e não o vagão de um metrô, que ajudam a levar até Auschwitz.

Recortado e colado daqui.

16 coisas que você precisa saber sobre pessoas tatuadas

1. Não, ela não quer falar sobre isso.

2. Sim, ela teve coragem. Ao contrário de você, que está pensando em fazer uma tatuagem há 14 anos.

3. Não, ela não se arrependeu.

4. Ela é tatuada, não tatuadora. E não quer dar a você todas as dicas de como, onde, quando e que desenho tatuar.

5. Cuidado com perguntas do tipo “Você trabalha com tatuagem?” se não quiser ouvir respostas do tipo “Sim, eu não tiro a tatuagem para trabalhar”.

6. A não ser que pinte um clima, não saia botando a mão.

7. Não, ela não é um outdoor, nem um pássaro, nem um avião. Pessoas tatuadas não gostam de ser assistidas como se fossem um filme. Nem de ser observadas e avaliadas como num programa de calouros. Evite dar voltas em volta dela, olhando de cima a baixo.

8. Pode parecer estranho, mas, não, ela não quer chamar atenção. Pode parecer ainda mais estranho, mas as tatuagens são desenhos dela para si mesma, não para os outros. E têm muito mais a ver com o que ela quer dizer para si mesma do que para o mundo.

9. Perguntas do tipo “E essa aqui, o que significa?” só significam uma coisa: você é um chato. Gostaria de ouvir perguntas do tipo “O que significa o seu cabelo chanel?”

10. Proibido fotografar, filmar, tocar ou comer no recinto.

11. Não, ela não quer pensar em um desenho para você tatuar.

12. Sim, ela respeita se você achar ridículo. Mas nem tudo precisa ser dito. Ou ela será obrigada a opinar sobre o seu enorme brinco de pena.

13. Doeu, sim. Mas o que dói mesmo é esse seu olhar de turista.

14. Sim, ela já sabe que você é louco pra fazer uma, mas nunca teve coragem. A pergunta é: “E daí?”

15. Não, ela não tem tatuagem onde você está imaginando.

16. Sim, ela trabalha num lugar muito democrático. Ou usa terno e gravata.

(Texto roubartilhado lá do Facebook…)

Se você me esquecer

Quero que você saiba uma coisa
Você sabe como é:
Se eu olhar a lua de cristal, pelo galho vermelho
do lento outono em minha janela,
Se eu tocar, próximo ao fogo, a intocável cinza
ou o enrugado corpo da lenha,
tudo me leva a você,
como se tudo o que existe: perfumes, luz, metais,
fossem pequenos barcos que navegam
rumo às tuas ilhas que me esperam.

Bem, agora,
se pouco a pouco você deixar de me amar
eu deixarei de te amar, pouco a pouco.

Se, de repente, você me esquecer
não me procure
pois já terei te esquecido.

Se você considera longo e louco
o vento das bandeiras
que passa pela minha vida,
e decide me deixar na margem do coração
em que tenho raízes,
lembre-se que neste dia,
nesta hora,
levantarei meus braços
e minhas raízes sairão a buscar outra terra.

Mas
Se cada dia,
cada hora,
você sentir que é destinada a mim
com implacável doçura,
se cada dia uma flor
escalar os teus lábios a me procurar,
ah meu amor, ah meu próprio eu,
em mim todo esse fogo se repete,
em mim nada se apaga nem é esquecido
meu amor se nutre no seu amor, amada,
e enquanto você viver, estará você em seus braços,
sem deixar os meus…