Desejo de matar – I

Não. Nada com relação aos antigos filmes do Charles Bronson (salvo o “desejo” em si). O negócio é pessoal mesmo.

Imaginem a seguinte situação hipotética: seu computador, já há muito tempo, tem um comportamento não muito comportado, desde que um raio mandou sua placa de fax-modem para o sétimo círculo do inferno. Parece que a alma da motherboard foi amaldiçoada e condenada por toda a eternidade, eis que nenhuma outra placa colocada em substituição fez com o que o computador voltasse a se conectar.

Pois bem.

Com muito custo (no Real – $$$ – sentido da coisa) você finalmente conseguiu colocar uma Internet veloz em sua casa e, sendo a conexão pela placa de rede, pensa que todos seus problemas acabaram.

Ledo engano.

O XP tenta acessar recursos da máquina que estão comprometidos, fazendo com que os travamentos persistam. Não sei o que é que o desgraçado busca, mas tenho certeza absoluta que não fui eu que mandei.

No frigir dos ovos a única coisa que faz com que o bichinho funcione razoavelmente sem problemas é a boa e velha instalação do antigo Windows 98, pois as sucessivas instalações do Windows XP (pasmem: original, com licença e tudo) , simplesmente restaram infrutíferas. Quando você pensa que tudo está funcionando, o FDP trava e reinicia. E seu coração também quase trava e reinicia junto, pois a cada vez que o amaldiçoado faz isso, leva consigo uma parte dos arquivos que estavam abertos, destruindo irremediavelmente qualquer possibilidade de nova tentativa de acesso aos mesmos.

Cansei (mas não no sentido daquela viadagem ursulina).

Vou de mala e cuia para o Linux. O que, diga-se de passagem, já devia ter feito há muito tempo. Manterei o Win98 até que todos os dispositivos estejam operacionais.

Depois, adeus.

E que Bill Gates arda no fogo do inferno.

Junto com o Windows XP.

Advogado “mata” colega para assumir patrocínio da causa

Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina

AASP Clipping, 23/08/07

A concorrência por clientes entre advogados beirou o absurdo na Comarca de Tubarão, onde um causídico ingressou com novo instrumento de mandato procuratório de cliente em seu nome, sob a justificativa do falecimento do representante legal anterior. O defensor original, contudo, atento aos movimentos do processo, notou a manobra e apresentou-se ao fórum para dizer que, “retornando do além”, estava vivo – para a infelicidade de alguns e e felicidade da maioria.

O Juiz Luiz Fernando Boller, titular da 2ª Vara Cível da Comarca de Tubarão, diante de fato que classificou de “esquisito, extravagante e excêntrico”, ordenou a imediata intimação da cliente para que diga se renuncia – ou não – ao mandato outorgado àquele deslealmente dado como morto pelo colega. A ação em tela trata de homologação de partilha de bens em benefício de herdeiros de Pedro Mendes da Silva. Processo: 07505000269-9

Apensado em 25/04/08…

Taí o link com a “prova do crime” (brinde do Jus Navigandi):
o-advogado-que-retornou-do-alem1.pdf

Toga e outros babados – A passarela da Justiça

Nirlando Beirão

Carta Capital, 05/09/07, p.41

Os ministros do Supremo, às voltas com o julgamento do mensalão que nada tinha de mensal, desfilaram pela arena de suas perorações eruditas, intermináveis, em Brasília, o garbo de fardamentos negros que lhes chegam à canela. Os estilistas das autoridades chamam a isso trajes talares.

É como se atestassem, na simbólica configuração das togas e dos babados, que estão ali para ministrar justiça, apenas isso, em sisuda contrição, compenetradíssimos, embora tenham entre eles o divertido ministro Marco Aurélio Mello e ainda que um marciano desavisado que ali chegasse pudesse imaginar ter caído no meio do mais carnavalesco dos sambódromos. Quem já foi ao Vaticano sabe, aliás, do que estou falando.

A Justiça, no Brasil, legitima-se menos nos seus atos do que nos seus ritos. Por isso a extravagância de becas esvoaçantes mesmo quando se trata de um modesto júri no tórrido interior do Tocantins. Culto das aparências enganosas: aqui a Justiça tarda e falha, mas, é bom reconhecer, está sempre checando a silhueta à frente de um bom espelho.

Não se sabe de nenhuma corte que, em um surto de bom senso, tenha dispensado algum dia o valor representativo da fatiota. A cansada OAB e os organismos da magistratura estão aí, de olho nos eventuais rebeldes. É que o figurino comprido e escuro impõe, de cara, um sentido de superioridade imperiosa. Os que ministram a Justiça não prestam contas senão à sua própria consciência, quando a têm – nunca ao coro imperfeito dos míseros mortais.

Quando se propõe algum tipo de controle social sobre a Magistratura, é aquele deus-nos-acuda. Só os jornalistas – quer dizer, os donos dos veículos de comunicação – são capazes de espernear mais que juízes e promotores. É como se alguém quisesse amarfanhar-lhes a vestimenta. Fecham-se em casta, engalanados em suas togas, becas e, agora, laptops.

Conheço o caso de um aprendiz de advogado que se viu, pela primeira vez, diante de um juiz de Direito. Tão aterrorizado estava o pobrezinho, ante toda aquela farfalhante liturgia, que, quando enfim o Meritíssimo lhe dirigiu a palavra, ele replicou: “Pois não, Majestade”. Faz todo sentido.

Low-tech de alto custo

Aproveitando a deixa do flagrante que o copoanheiro Bicarato registrou outro dia, acho bastante curiosa a inversão de valores que temos vivido nos últimos tempos.

No meu “começo de carreira”, há uns dez anos (credo: tô velho!), lá no escritório tínhamos uma boa e velha impressora matricial LX (acho que 810) que, pouco tempo depois, foi substituída por uma moderníssima LX 300 com – pasmem! – capacidade de imprimir em páginas avulsas! As impressoras jato de tinta eram admiradas com respeito, pois eram muito caras para nós, pessoas comuns. E as impressoras laser, então? Veneradas e cultuadas a distância! Totalmente sem acesso para meros mortais. “Quando eu estiver bem, e o escritório estiver rendendo, ainda vou ter uma!” – era o que dizíamos.

Apesar de ter uma história interessante lá nos idos de 1984 sobre um terreno de meio lote num bom bairro que meu pai trocou por um vídeo cassete – novo, diga-se de passagem – , esse equipamento foi caindo de preço até que levou uma estocada que muitos pensavam ter sido a derradeira quando da popularização do DVD. Essa situação piorou mais ainda quando os gravadores de DVDs também começaram a se multiplicar no mercado.

E as vitrolas, então? Bem no começo da década de oitenta tínhamos na sala, em lugar de honra na recém comprada estante, um poderoso três-em-um preto da Sanyo. Detalhe: o aparelho possuía um pino central com uma trava para acumular alguns discos, um sobre o outro, e permitia fazer uma boa sequência musical. Ééééé… Coisa fina! Até hoje ainda rende boas lembranças, como a que comentei com a Ana Téjo, já há uns três meses, lá no Pensatriz. Mas os discos de vinil – pobres coitados – foram substituídos pelos CDs. E mesmo estes já têm sua hegemonia balançada em função do MP3.

Então tudo isso seria lixo, concordam? Todo esse equipamento antigo, velho, ultrapassado, obsoleto, já não serviria para mais nada, certo?

ERRADO.

Procurem qualquer um dos itens supra no mercado e ficarão de queixo caído. Talvez o vídeo cassete seja o único que ainda não tenha um preço absurdo, mas impressoras matriciais não são encontradas por menos que uns quinhentos contos, e algumas vitrolas ultrapassam com folga a casa dos mil!

“Mas quem iria comprar essa velharia” – perguntaria o incauto.

Respondo.

Comerciantes, para utilização da impressora matricial para emissão de notas fiscais, por exemplo.

DJs, que trabalham com suas centenas de discos de vinil e que precisam operá-los num sistema próprio, de confiança, que não vá estragá-los. Para isso foram lançadas vitrolas moderníssimas, mas, que ainda assim, não deixam de ser vitrolas. No caderno Link, do Estadão, no último dia 3 saiu uma boa matéria a esse respeito.

Ou seja, tudo equipamento low-tech de alto custo.

Enquanto isso os high-tech vão caindo de preço – cada vez mais.

É ou não é uma verdadeira inversão de valores?…

Re-volta

Não se assustem.

Sou eu mesmo.

Adauto de Andrade, sempre a seu dispor.

Vamos (re)começando desse jeitão mesmo, em papel de rascunho. Metade em inglês, metade em português. Bagunçado, como toda casa que passa por reformas. Mesmo assim, ainda estou fuçando para tentar criar um tema do WordPress mais de acordo com a minha cara.

Mas já estava me fazendo mal, MUITO mal, ficar calado. Quieto no meu canto. Sorumbático. Irritadiço. As orelhas ficando pontudas e as garras ficando afiadas. De fato, animalesco. Afinal de contas, como já disse antes por aqui mesmo, enquanto algumas pessoas consultam psicólogos e psiquiatras para desabafar suas neuroses e aliviar seus problemas, eu consigo prefiro fazer isso aqui. On-line. Nesse mundinho virtual que tão bem costuma acolher os devaneios deste velho escriba…

Assim, antes que eu acabe enfartando em algum pico de stress reprimido, volto à ativa.

Tudo apagado, tudo recarregado, algo remodelado, e sempre em fase de eterna reconstrução, eis-me aqui.

De novo.

Se ainda houver alguém por aí, ótimo. Caso contrário, tudo bem, também. Algum dia, em algum lugar, em algum momento, estas malfadadas linhas ainda podem ser úteis para alguém.

Até porque, em que pese a maciça opinião contrária, eu ainda me acho um cara um tanto quanto Legal