Sub Censura

– Mr. Isaac Newton…?
– Pois não.

– Essa obra que o senhor acaba de apresentar para publicação, “Optkis”… Lamento, mas a Royal Society não poderá validá-la.

– Como assim?

– Sua teoria de que a luz, atravessando um prisma, se decompõe em vários espectros coloridos…

– Não é teoria. É experiência.

– Que seja, Mr. Newton… Mas trata-se de ideologia de gênero, também.

– Como assim?!?

– É uma insofismável defesa da bandeira LGBT, Mr. Newton. Infelizmente nossa instituição não pode compactuar com essa afronta aos valores familiares.

– Que afronta? É um estudo empírico sobre a velocidade de cada espectro da luz após a refração, onde a decomposição cromática explica a…

– Por favor, Mr. Newton. Não insista. Sua obra anterior, a “Principia”, nós até deixamos passar, e…

– Até deixaram passar?!?

– Sim. Aquele estudo sobre atração universal dos corpos, sem distinção de gênero, já foi ousadia suficiente, mas fizemos vista grossa porque pelo menos lá o senhor reforçou o dogma do Criacionismo, e…

– Reforcei?!?

– Sim… Aquela maçã que caiu em sua cabeça… Não era a de Adão e Eva?

Nelson Moraes

Compreendendo a gravidez da situação

Não, vocês não leram errado, nem tampouco eu a escrevi errado: a palavra é essa mesma. Mas, como todos já sabem, eu tenho uma certa tendência ao dramático e não podia deixar de dar todo um colorido nessa história – que, inclusive, aconteceu de verdade – como vocês verão…

E lá estava o casalzinho, bem de boa, juntos há pouco tempo e ela já gravidinha. De repente, assim do nada, ela dispara:

– Amô-ôr…

– Oi, vida?

– Sabe… É que eu estou com muita vontade de tomar sorvete…

– Não por isso! É pra já!

E sem dar nenhum tempo para um segundo pensamento sequer, já saiu, foi até a padaria mais próxima e logo em seguida voltou com o melhor que poderia pescar dos freezers de sorvetes: flocos, napolitano, morango, chocolate e por aí afora.

Ela sorriu, meio sem jeito, enquanto que ele estava ali, quase que se pavoneando, orgulhoso em se sentir o melhor dos maridos e de já achar que seria um futuro pai pra lá de dedicado!

Enquanto isso ela abriu um pote, olhou, abriu outro, pegou uma colherinha, experimentou, deu um passo pra trás, pensou e arrematou:

– Amô-ôr…

– Oi, vida?

– Sabe… É que você não me deu um tempo pra explicar… Mas é que a minha vontade era de tomar sorvete do Seu Robertinho…

– Do Seu Robertinho? O mesmo “Seu Robertinho” lá da nossa cidade, do Sul de Minas, a mais de 100 quilômetros de distância???

– É…

– Ah, amor, aí não tem jeito. Você vai ter que se virar com o que temos! Antes do próximo final de semana, com certeza não como a gente ir pra lá. Fecha os olhos e faz de conta que esse é do Seu Robertinho, vai?

– Mas não é!

– Mas, vida…

– A grávida sou eu!

Pronto. Discussão encerrada. Impossível retrucar contra esse argumento. Foram dormir daquele jeito, meio que chateados, meio que decepcionados e com a geladeira cheia de sorvete.

Já no dia seguinte ele teve uma brilhante ideia! O problema era aquele sorvete industrializado, enquanto que o do Seu Robertinho era totalmente caseiro. O único lugar que ele conhecia em toda cidade que também produzia seu próprio sorvete caseiro e de qualidade era lá na Sorveteria do Canário, na Zona Norte. Propôs a ela que fossem até lá para, pelo menos, que ela experimentasse – mas ele tinha certeza absoluta que isso resolveria o problema.

Atravessaram a cidade, chegaram na sorveteria, ela ainda com uma carinha de desconfiada, decidiu arriscar uma Banana Split (que, diga-se de passagem, quem conheceu a Banana Split do Canário sabe do que eu tô falando em termos de qualidade, sabor, consistência e tamanheza)…

Bastou uma colheradinha.

Empurrou a taça, quase com cara de choro, e cheio de súplica encarou seu mais uma vez frustrado marido:

– Não é que nem a do Seu Robertinho.

Bem, daí não teve jeito. Foi o resto da semana pilotando as variações de humor da patroa até que pudessem, no final de semana, viajar até o Sul de Minas e matar a vontade da gravidinha.

Foi uma loooonga semana…

Enfim chegou o final de semana, pegaram a estrada e o mau humor dela parece ter ficado em casa, no fundo da última gaveta, junto com as meias. Parecia uma criança! Finalmente ia matar a vontade e se deleitar com os sorvetes do Seu Robertinho!

Mas ele já estava daquele jeito, com uma pulga atrás da orelha… Nada, repito, NADA, na vida dele se resolvia tão fácil…

E, é lógico, ele tinha razão. Afinal de contas eles estavam em Agosto, ou seja, Inverno. O que as sorveterias fazem no inverno? FECHAM. Simples assim.

Antevendo a gravidade de um súbito ataque gravídico, ele não teve dúvidas: deixou-a em casa de parentes e foi pessoalmente até a casa do Seu Robertinho!

– Oi, fio! B’as tarde!

– Seu Robertinho, PELAMORDEDEUS, me ajuda! Só o senhor pode me ajudar!

– Êita! Carma, fio. Que é que assucede?

– Minha mulher, seu Robertinho. Minha mulher. Ela tá grávida e já faz quase uma semana que não para de falar do sorvete que o senhor faz. É vontade, Seu Robertinho, vontade de grávida! Diz pra mim, por favor, que o senhor tem algum sorvete aqui na casa do senhor pra me vender, POR FAVOR!!!

– Heh… É, já vi isso antes. Mas fique carmo e vâmo chegá ali na cozinha pra modo de você escolhê…

Ele estava salvo! Finalmente! Acompanhou Seu Robertinho até sua “despensa de sorvetes” e pra que não tivesse mais nenhum tipo de problema, pegou um potinho de cada sabor. De todos os possíveis e imagináveis. Voltou abarrotado! Tinha de uva, morango, côco, chocolate, creme, flocos, abacaxi, limão, amora, pistache, o escambau!

Encontrou sua mulher daquele jeito: tal qual criança esperando brinquedo no dia do aniversário! Os olhos brilhando! Desceu sua carga na mesa e respirou fundo, descansado, certo de que agora não tinha como ter errado, enquanto que ela conferia e alinhava um a um todos os potinhos, quase pulando de alegria e já ficava nítido o prazer que ela ia antevendo em saboreá-los.

E assim, num suspiro aliviado, ele virou de lado e tentou até sorrir…

E mesmo extasiada, ela assim do nada, voltou a repetir:

– Amô-ôr?

(GLUP!)

– Oi, vida?…

– Não tinha de goiaba?

Livro da Família Andrade

Muito bem, família! Vocês devem se lembrar do quanto aporrinhei todo mundo até conseguir levantar todas as informações para montar esse livro aí do lado… Só que tem um detalhe: ele somente tem os registros de nossa família até 2012! E como já estamos em 2017, como todos sabem muito bem, tem muita gente que já casou, que separou, outros tantos nasceram e infelizmente alguns também morreram…

Então, família, conto com vocês para me ajudar a atualizar este nosso livro!

Pra facilitar procês, eu dividi o livro de acordo com cada ramo da família – ou melhor, cada um(a) dos(as) filho(as) do Vô Antonio e da Vó Bastiana – bastando clicar na respectiva imagenzinha aí embaixo para ter acesso ao arquivo PDF.

Reitero que esse livro é nosso: cada indivíduo descendente tem um par de páginas à sua disposição. As informações básicas, como data e local de nascimento, peso e altura quando nasceu, quando e com quem se casou, quantos e quais filhos teve, bem, esse geralzão em sua maioria já tá lá. Mas caso queiram inserir uma ou mais fotos, trocar a foto que está no livro, acrescentar ou alterar um texto ou uma mensagem, enfim, dar uma personalizada como um todo, agora é a hora!

Aliás, confiram os dados de cada arquivo e assim que possível me mandem as atualizações e correções, ok? E mais: não se limitem ao seu ramo da família não! Até porque não custa nada dar uma fuçada nos arquivos do resto do nosso povo, né?

Vocês podem escrever aqui nos comentários mesmo, ou, se preferirem, basta me encaminhar as informações diretamente para o meu e-mail: adauto@andrade.sjc.br .

E aí? Tão esperando o quê? Bóra atualizar issaí, moçada! 😀

José Bento de Andrade
ZÉ BENTO

Fé dos Santos de Andrade

Esperança dos Santos Andrade
ESPERANÇA

Caridade de Andrade
CARIDADE

Felizberto de Andrade
DINHO

Jorge Andrade
JORGE

Maria Madalena de Andrade
MADALENA

Pedrina de Fátima Andrade
PEDRINA

Maria Laura de Andrade
LAURA

Roberto de Andrade e Geraldo de Andrade
ALEMÃO E GÊRA

Valorizando seu dinheiro – VII

Uma moeda que não durou muito…

Cruzado Novo
(NCz$1,00 = Cz$1.000,00)

Apenas três anos depois da última mudança, foi ainda o presidente Sarney que instituiu o Cruzado Novo (NCz$) através da Medida Provisória nº 32, de 16 de janeiro de 1989 (mais tarde convertida na Lei nº 7.730, de 31 de janeiro de 1989), tendo havido novamente um corte de três zeros no sistema monetário nacional.

Novamente usou-se a estratégia de apor um carimbo identificador nas cédulas mais altas do sistema anterior, só que desta vez ele era – a-ha! – triangular… As primeiras emissões foram cédulas de 1.000, 5.000 e 10.000 cruzados reaproveitadas com esse carimbo triangular com a nova denominação em cruzados novos, respectivamente 1, 5 e 10 cruzados novos.

No decorrer do ano de 89 e início do ano 90 entraram em circulação as novas cédulas no valor de 50, 100, 200 e 500 cruzados novos.

NCz$50,00. Na face possuía a efígie de Carlos Drumond de Andrade (1902-1987), aparecendo, ao fundo, o casario e as montanhas de Itabira, MG; no verso, uma gravura representa o poeta em sua mesa, no ofício de escrever e, à direita da gravura, estão reproduzidos os versos do poema “Canção Amiga”.

NCz$100,00. Na face possuía o retrato de Cecília Meireles (1901-1964), tendo à esquerda a reprodução de desenho de sua autoria, ao qual se sobrepõem alguns versos manuscritos extraídos de seus “Cânticos”; no verso, uma gravura, à esquerda, representa o universo da criança, suas fantasias e o momento da aprendizagem e o painel é completado, à direita, com a reprodução de desenhos feitos pela escritora, representativos de seus estudos e pesquisas sobre folclore, músicas e danças populares.

NCz$200,00. Na face possuía a efígie simbólica da República, interpretada sob a forma de escultura e, à esquerda, gravura simbolizando a reunião de ideais republicanos, onde aparecem as personagens históricas de Silva Jardim, Benjamim Constant, Marechal Deodoro da Fonseca e Quintino Bocaiúva; no verso, detalhe do quadro “Pátria”, do pintor Pedro Bruno (1888-1949), onde aparece a bandeira do Brasil sendo bordada no seio de uma família.

NCz$500,00. Na face possuía a efígie do cientista Augusto Ruschi (1915-1986), ladeada por alegorias de flora e fauna, destacando-se uma representação da “Cattleya labiata warneri”, orquídea que, com dezenas de variedades, é a mais típica do Espírito Santo e a maior flor do gênero no Brasil; no verso, Ruschi examinando orquídeas, aparecendo em destaque a figura de um beija-flor.

Mas…

Curta vida teve o Cruzado Novo…

Apesar de todas as medidas que tomou (e lembro-me bem da famosa campanha chamando a população para que fossem “Fiscais do Sarney”) a inflação seguia em desvairado galope. Em fevereiro de 1990 Sarney deixava para seu sucessor tanto o governo quanto uma inflação anual acumulada batendo na casa de 3.348,74%!


(Início da Saga)

(Continua…)