Sobre o currículo do ensino médio

É preciso falar sobre o tema. Principalmente porque ele meio que “se perdeu” em detrimento tanto do cenário político nacional quanto do local, com as eleições municipais que se avizinham. Outro dia já havia compartilhado um excelente texto lá no Facebook (que segue abaixo), mas é preciso mais. Saber mais. Pensar mais. Muito mais.

Como havia dito antes, muitas vezes, enquanto me perco procurando palavras para me expressar, acabo por descobrir que alguém já o fez de uma forma bem melhor do que eu seria capaz… No caso, o amigo virtual Jarbas Jovelino!

Portanto, leiam. LEIAM! Até o fim.

Vi, na Gazeta, o comentário elogioso do Josias de Sousa à reforma tabajara do ensino médio. O luminar da nossa imprensa terminou o comentário manifestando esperança de que a tal reforma melhore chances dos nossos jovens no mercado de trabalho. Catzo! Essa gente só pensa educação em função de sucesso profissional. Nada de cidadania. Nada de oferecer para os nossos jovens oportunidade de se apossarem de bens culturais historicamente elaborados aqui e em todo o mundo. Nada de formar seres humanos que deem sentido a seu viver e que ajudem outras pessoas a construir um mundo melhor.

Há um grande fosso entre comentários como o do Josias e análises de uma educadora que conhece seu ofício como Diane Ravitch. Nesse sentido, cito dela um trecho que não diz uma palavra sequer sobre trabalho, mas diz tudo sobre cidadania:

‘As disciplinas ensinadas na escola são de uma validade singular, tanto para os indivíduos como para a sociedade.

Uma sociedade que não ensina ciências para todos favorece a proliferação de movimentos irracionais e de sistemas de crenças anti-científicos.

Uma sociedade que volta suas costas ao ensino de história encoraja a amnésia das massas, fazendo com que as pessoas ignorem eventos e ideias importantes do passado da humanidade, e provocando a erosão da inteligência cívica necessária para o futuro.

Uma sociedade democrática que deixa de ensinar às gerações mais jovens seus princípios de auto-governança coloca tais princípios em risco.

Uma sociedade que deixa de ensinar aos jovens a apreciação das grandes obras de literatura e arte favorece ao embrutecimento e degradação de sua cultura popular.

Uma sociedade étnica e racialmente diversa requer, mais que outras sociedades, um esforço consciente para construir valores compartilhados entre seus cidadãos.

Uma sociedade que tolera o anti-intelectualismo em suas escolas favorece ao surgimento de uma cultura idiotizada que cultua celebridades e sentimentalismos em vez de conhecimento e sabedoria.’

Nada mais verdadeiro. Nada mais lúcido. Entretanto lucidez, IMHO, não é o que se encontra nessa decisão que nos foi impingida faringe adentro

E para que compreendam melhor o juridiquês por trás disso, essa decisão se deu na forma de uma Medida Provisória. Vejamos uma rápida definição acerca do que seria isso: “É um instrumento com força de lei, adotado pelo presidente da República, em casos de relevância e urgência, cujo prazo de vigência é de sessenta dias, prorrogáveis uma vez por igual período. Produz efeitos imediatos, mas depende de aprovação do Congresso Nacional para transformação definitiva em lei.”

Relevância?

Urgência?

Mas não consegui encontrar isso nem mesmo nas falaciosas justificativas dessa malfadada Medida Provisória – pois toda lei/medida provisória tem que ter uma justificativa… Confiram por si mesmos alguns dos trechos (grifos meus):

“Atualmente o ensino médio possui um currículo extenso, superficial e fragmentado, que não dialoga com a juventude, com o setor produtivo, tampouco com as demandas do século XXI. Uma pesquisa realizada pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento – Cebrap, com o apoio da Fundação Victor Civita – FVC, evidenciou que os jovens de baixa renda não veem sentido no que a escola ensina.

Apesar de tantas mudanças ocorridas ao longo dos anos, o ensino médio apresenta resultados que demandam medidas para reverter esta realidade, pois um elevado número de jovens encontra-se fora da escola e aqueles que fazem parte dos sistemas de ensino não possuem bom desempenho educacional.

(…)

Isso é reflexo de um modelo prejudicial que não favorece a aprendizagem e induz os estudantes a não desenvolverem suas habilidades e competências, pois são forçados a cursar, no mínimo, treze disciplinas obrigatórias que não são alinhadas ao mundo do trabalho, situação esta que, aliada a diversas outras medidas, esta proposta visa corrigir, sendo notória, portanto, a relevância da alteração legislativa.

(…)

Resta claro, portanto, que o ensino médio brasileiro está em retrocesso, o que justifica uma reforma e uma reorganização ainda este ano, de tal forma que, em 2017, os sistemas estaduais de ensino consigam oferecer um currículo atrativo e convergente com as demandas para um desenvolvimento sustentável.”

Vocês já viram alguma criança, de imediato, “ver sentido” naquilo que estuda no ensino médio? Nem mesmo eu quando era moleque! E olhem que eu sempre gostei de estudar… Ver ou não ver sentido está mais ligado à qualidade de ensino (e não vou nem falar da “progressão continuada” que afunda o ensino público em São Paulo) do que à matéria curricular em si. Mas é mais fácil eliminar matérias obrigatórias que forçam nossos jovens a pensar (quão perigoso!) e prepará-los efetivamente para o “setor produtivo”.

A seguir comparem pontualmente as alterações da lei. E não deixem de ouvir a música tema deste texto, ao final…

COMO ERA

COMO FICOU

Lei nº 9.394, de 20/12/1996.

Medida Provisória nº 746, de 22/09/2016.

Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

Institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional (…) e dá outras providências.

Art. 36. O currículo do ensino médio observará o disposto na Seção I deste Capítulo e as seguintes diretrizes:

Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos específicos, a serem definidos pelos sistemas de ensino, com ênfase nas seguintes áreas de conhecimento ou de atuação profissional

I – destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania;

I – linguagens;

II – adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes;

II – matemática;

III – será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição.

III – ciências da natureza;

IV – serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio.

IV – ciências humanas; e

V – formação técnica e profissional.

§ 1º Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre:

I – domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna;

II – conhecimento das formas contemporâneas de linguagem;

§ 1º Os sistemas de ensino poderão compor os seus currículos com base em mais de uma área prevista nos incisos I a V do caput.

 

“Eu vim para trazer a divisão”, disse…
…Jesus!

Cynara Menezes
(Socialista Morena)

Uma das coisas que mais me perturbam na atual situação brasileira é a ilusão de certos setores de que o PT “inventou” a divisão entre ricos e pobres, entre negros e brancos, entre esquerda e direita, entre mulheres e homens, entre hetero e homossexuais. O chamado “Fla-Flu”. Tem gente que fica chateado porque brigou com amigos, colegas e familiares por causa de política e isso é “culpa do PT”. Será?

O primeiro ponto a se perguntar é: a divergência é mesmo algo ruim? Balela. Se o embate fosse entre brancos e brancos, ricos e ricos, direitistas e direitistas aposto como seria visto com mais normalidade: uma disputa entre iguais. O que incomoda é que a tal “divisão” é, na verdade, uma reação dos historicamente oprimidos, dos “de baixo”, às injustiças. Incomoda que as chamadas “minorias” estejam divergindo com mais força, em alto e bom som.

Os negros estão denunciando o racismo; as mulheres estão denunciando o machismo; os pobres estão denunciando o preconceito de classe; os gays estão denunciando a homofobia. Antes, todas estas cidadãs e cidadãos hoje em processo célere de empoderamento estavam mudas, resignadas com sua situação. A esquerda tampouco tinha acesso aos meios de comunicação para conscientizar a população –e hoje temos a internet.

Esta divisão é positiva para evoluirmos enquanto sociedade. Não acredite quando dizem que é ruim. Fiquei impressionada ao conhecer trechos do Novo Testamento onde Jesus Cristo fala justamente de divisão e não de união. “Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a Terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão” (Lc, 12, 51-52). Na Bíblia utilizada pelos protestantes, é ainda mais veemente: “Não penseis que vim trazer paz à terra. Não vim trazer paz, mas a espada” (Mt, 10, 34-35).

Em Lucas, complementa: “Daqui em diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas e duas contra três: ficarão divididos o pai contra o filho e o filho contra o pai, a mãe contra a filha e a filha contra a mãe, a sogra contra a nora e a nora contra a sogra”. Diz ainda Jesus: “Eu vim para lançar fogo sobre a Terra; e como gostaria que já estivesse aceso!” (Lc 12,49-53).

Estes trechos dos evangelhos de Lucas e Mateus são considerados controversos porque indicariam que Jesus seria a favor do uso de violência. Não necessariamente. Do que Jesus não é a favor, sem sombra de dúvidas, é do conformismo. Se ele veio à Terra, não foi para transmitir uma mensagem pacificadora, isso está claro. Ou não teria expulsado os vendilhões do templo.

Aliás, imaginem o rebuliço que seria hoje se Jesus voltasse, como os cristãos esperam, e encontrasse vendilhões falando em seu nome em emissoras de TV e igrejas espalhadas pelo mundo… Com certeza seria acusado de “incitar a divisão” entre ricos e pobres ao pregar que “é mais fácil um camelo passar por um buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus”.

Cristo foi um revolucionário. E revolucionários não vêm a este mundo para lançar uma mensagem de obediência e subserviência ao sistema – ou não seriam revolucionários. O que o revolucionário quer é abalar as estruturas. Foi o que Cristo fez, ou não? E acabou morto por isso, assim como Maomé, perseguido por criar uma dissidência religiosa do judaísmo e do cristianismo, o islã. Martinho Lutero foi excomungado pela igreja Católica por dividi-la e houve luta armada em favor de suas ideias reformistas.

Fora do campo religioso, Nelson Mandela abriu os olhos do mundo ao absurdo regime que existia na África do Sul, que colocava os negros, originais moradores do país, em um gueto, dominados por supremacistas brancos de origem europeia. Pois é: para quem critica a “divisão” no sentido de conflito, que tal o apartheid? Os donos do poder pretendiam que os negros sul-africanos se subjugassem àquela situação para sempre. Mandela os fez se levantar contra ela. E que bom que tenha sido assim.

Com tantos erros cometidos sob a ótica do campo da esquerda, o PT teve o inegável mérito de dar voz a quem não tinha voz. Por isso agora eles gritam. Pare de reclamar da “divisão” que há em nosso país, preocupe-se em entender por que ela existe – e por que é bom que ela exista. Se não houvesse divisão, significaria que estamos conformados. E conformistas não movem o mundo.

“Eu vim para trazer a divisão”, disse……Jesus!

Cynara Menezes
(Socialista Morena)

Uma das coisas que mais me perturbam na atual situação brasileira é a ilusão de certos setores de que o PT “inventou” a divisão entre ricos e pobres, entre negros e brancos, entre esquerda e direita, entre mulheres e homens, entre hetero e homossexuais. O chamado “Fla-Flu”. Tem gente que fica chateado porque brigou com amigos, colegas e familiares por causa de política e isso é “culpa do PT”. Será?

O primeiro ponto a se perguntar é: a divergência é mesmo algo ruim? Balela. Se o embate fosse entre brancos e brancos, ricos e ricos, direitistas e direitistas aposto como seria visto com mais normalidade: uma disputa entre iguais. O que incomoda é que a tal “divisão” é, na verdade, uma reação dos historicamente oprimidos, dos “de baixo”, às injustiças. Incomoda que as chamadas “minorias” estejam divergindo com mais força, em alto e bom som.

Os negros estão denunciando o racismo; as mulheres estão denunciando o machismo; os pobres estão denunciando o preconceito de classe; os gays estão denunciando a homofobia. Antes, todas estas cidadãs e cidadãos hoje em processo célere de empoderamento estavam mudas, resignadas com sua situação. A esquerda tampouco tinha acesso aos meios de comunicação para conscientizar a população –e hoje temos a internet.

Esta divisão é positiva para evoluirmos enquanto sociedade. Não acredite quando dizem que é ruim. Fiquei impressionada ao conhecer trechos do Novo Testamento onde Jesus Cristo fala justamente de divisão e não de união. “Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a Terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão” (Lc, 12, 51-52). Na Bíblia utilizada pelos protestantes, é ainda mais veemente: “Não penseis que vim trazer paz à terra. Não vim trazer paz, mas a espada” (Mt, 10, 34-35).

Em Lucas, complementa: “Daqui em diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas e duas contra três: ficarão divididos o pai contra o filho e o filho contra o pai, a mãe contra a filha e a filha contra a mãe, a sogra contra a nora e a nora contra a sogra”. Diz ainda Jesus: “Eu vim para lançar fogo sobre a Terra; e como gostaria que já estivesse aceso!” (Lc 12,49-53).

Estes trechos dos evangelhos de Lucas e Mateus são considerados controversos porque indicariam que Jesus seria a favor do uso de violência. Não necessariamente. Do que Jesus não é a favor, sem sombra de dúvidas, é do conformismo. Se ele veio à Terra, não foi para transmitir uma mensagem pacificadora, isso está claro. Ou não teria expulsado os vendilhões do templo.

Aliás, imaginem o rebuliço que seria hoje se Jesus voltasse, como os cristãos esperam, e encontrasse vendilhões falando em seu nome em emissoras de TV e igrejas espalhadas pelo mundo… Com certeza seria acusado de “incitar a divisão” entre ricos e pobres ao pregar que “é mais fácil um camelo passar por um buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus”.

Cristo foi um revolucionário. E revolucionários não vêm a este mundo para lançar uma mensagem de obediência e subserviência ao sistema – ou não seriam revolucionários. O que o revolucionário quer é abalar as estruturas. Foi o que Cristo fez, ou não? E acabou morto por isso, assim como Maomé, perseguido por criar uma dissidência religiosa do judaísmo e do cristianismo, o islã. Martinho Lutero foi excomungado pela igreja Católica por dividi-la e houve luta armada em favor de suas ideias reformistas.

Fora do campo religioso, Nelson Mandela abriu os olhos do mundo ao absurdo regime que existia na África do Sul, que colocava os negros, originais moradores do país, em um gueto, dominados por supremacistas brancos de origem europeia. Pois é: para quem critica a “divisão” no sentido de conflito, que tal o apartheid? Os donos do poder pretendiam que os negros sul-africanos se subjugassem àquela situação para sempre. Mandela os fez se levantar contra ela. E que bom que tenha sido assim.

Com tantos erros cometidos sob a ótica do campo da esquerda, o PT teve o inegável mérito de dar voz a quem não tinha voz. Por isso agora eles gritam. Pare de reclamar da “divisão” que há em nosso país, preocupe-se em entender por que ela existe – e por que é bom que ela exista. Se não houvesse divisão, significaria que estamos conformados. E conformistas não movem o mundo.

Pra você que “votou” no Temer…

Leandro Rodriguez Caracortada

“Quem votou na Dilma, votou no Temer também. Então não deveria estar reclamando. Foram vocês que botaram ele lá”. A quem reproduz esse clichê, um esclarecimento:

Quando votei na chapa Dilma-Temer, antes de qualquer coisa, escolhi um programa de governo e um projeto político especificos, em detrimento àqueles que foram derrotados. Isso significa que o compromisso do vice deveria ser dar suporte à presidenta e, na ausência dela, dar continuidade ao projeto que estava em curso e foi democraticamente eleito.

O que ocorre hoje é o contrário disso. Temer articulou a queda da Dilma, se uniu aos opositores derrotados e está colocando em prática o programa de governo deles, que a maioria da população rejeitou nas urnas. Fala em unificação nacional, mas é demagogo, pois não convidou sequer um partido de esquerda para compor sua equipe, entregando o governo inteiro para a direita.

Eu não votei na chapa Dilma-Temer para ver o PSDB e o DEM assumindo ministérios. Nem para ver um governo formado só de homens brancos e ricos. Nem para ver a extinção das políticas para a Cultura, Mulheres, Igualdade Racial, Direitos Humanos e Combate à Fome. Nem para ver um ministro da Justiça que agride estudantes e um da Educação que é contra as cotas e o ProUni.

Se eu quisesse ver tudo isso, teria votado no Aécio. Então, por favor, pare de usar esse argumento ignorante, estude um pouco sobre o nosso atual modelo político e gaste essa sua energia desperdiçada para reivindicar uma reforma política de verdade, como nós temos feito desde sempre.

É traição, é autoritarismo, é GOLPE sim!

Choro, sim.

(Foto de Reginaldo Manente que emocionou o país após a derrota na Copa da Espanha, em 1982)

Choro, sim.
Não há razão para rir quando quem perde é o Brasil.

Socialista Morena

Hoje é um dia triste para o Brasil. Mesmo quem hoje está rindo, soltando fogos, ainda vai se dar conta disso –a não ser que seja cúmplice ou tenha a ganhar pessoalmente com o governo ilegítimo que hoje se instala, esperamos que interinamente.

Não há como o país ficar melhor quando o que moveu os vencedores provisórios dessa disputa foram os sentimentos mais baixos:

– o ódio

– o egoísmo

– a ganância

– o desprezo pela democracia e pelas urnas

– a cobiça

– a irresponsabilidade

– o preconceito de classe

– o rancor

– o machismo e a misoginia

– a vingança

– a traição

– a corrupção (sim, do lado que os que lutaram contra a corrupção estão os maiores corruptos brasileiros)

– o desamor pelo Brasil

– a truculência

– a falta de empatia com os mais pobres e necessitados

– a burrice

Por que a burrice? Porque a escolha por este caminho é, acima de tudo, burra. Havia outras saídas para a crise, como a convocação de eleições gerais. Mas a elite brasileira, apoiada por cidadãos manipulados ou mal-intencionados, e com o suporte da mídia porca que temos, sempre disponível em caso de ameaça à democracia, decidiu pelo golpe. A História mostrará, como em 1964, quem estava do lado da verdade e da Justiça.

Escolhi para ilustrar este post a foto de Reginaldo Manente que marcou o começo de minha adolescência, quando o Brasil foi derrotado pela Itália na Copa do Mundo da Espanha, no estádio de Sarriá, em 1982. Esta imagem saiu na capa do extinto Jornal da Tarde e emocionou milhões de brasileiros. Como esta campanha contra a presidenta Dilma foi simbolizada por pessoas usando a camiseta da CBF, me parece perfeita para o momento. Em breve, acredito, muitos dos que usaram o verde e amarelo da seleção estarão assim, como estamos hoje.

Um triste dia para ser brasileiro, este. Desejo muita força à presidenta Dilma, uma mulher honesta, digna, guerreira. E vítima de uma das maiores injustiças de que se tem notícia. Mas não se enganem: não foi Dilma quem perdeu hoje, foi o Brasil. E não há razão para rir quando o nosso país é derrotado.

Impeachment: entenda os próximos passos

E agora? Após aquela “votação” na Câmara dos Deputados, o que acontece? Ainda temos presidente em exercício? Leiam o texto abaixo e compreendam um pouco melhor todo esse imbróglio… Roubartilhei daqui (grifos meus).

Após votação na Câmara, parecer passa por Senado, que define por condução do processo e afastamento ou não da presidente do cargo.

A Câmara dos Deputados autorizou neste domingo 17 a abertura de processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. A decisão, no entanto, não significa que Dilma tenha de deixar o Palácio do Planalto imediatamente. Entenda o que acontece a partir de agora e quais os próximos passos para que o impeachment contra Dilma prossiga.

Para onde segue o processo depois da votação na Câmara?

Conforme definido pelo Supremo Tribunal Federal, depois da votação na Câmara, caberá ao Senado definir se há razões para a continuidade da ação, o que deve acontecer em cerca de um mês. O pedido de impeachment será enviado na segunda-feira 18 ao Senado, que é composto por 81 integrantes.

A previsão é que a denúncia seja lida em plenário na Casa no dia 19 de abril, terça-feira. A partir de então, o Senado terá de criar uma comissão especial com 21 participantes para analisar o caso.

Dentro de 48 a comissão deve definir presidente e relator. A comissão tem dez dias úteis para apresentar um parecer admitindo ou não a abertura do processo de impeachment.

A votação do Senado pode levar a uma decisão diferente da alcançada na Câmara?

É pouco provável que os senadores tomem uma decisão diferente daquela dos deputados. A expectativa é que por volta do dia 5 de maio a comissão vote o parecer. No universo de 81 senadores, basta a maioria simples (42 senadores) concordar para que o plenário acate ou não a instauração do julgamento. Sem essa maioria, o processo seria arquivado. Uma vez aceito o processo, o texto é lido em plenário e publicado do Diário do Congresso.

Depois de o Senado aprovar o processo de impeachment, Dilma é destituída da Presidência?

Se o Senado validar a moção de impeachment, Dilma será afastada provisoriamente de suas funções durante um período máximo de 180 dias para dar lugar ao julgamento propriamente dito. A presidenta seria substituída pelo vice-presidente da República Michel Temer.

O que acontece nesses 180 dias nos quais Dilma fica afastada?

É nesse período que começa a verdadeira coleta de provas e depoimentos para o processo de impeachment. O processo é conduzido pelo Senado, sem um prazo definido para a conclusão dos trabalhos.

Qual o próximo passo?

Depois desse período de 180 dias, a comissão entrega um parecer no qual decide se a presidenta deve ou não continuar no cargo. Dilma, então, se torna ré na chamada produção do juízo de pronúncia, que é votado pela comissão e depois em plenário.

A sessão final do processo acontece no plenário do Senado, sob a direção do presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski. Para condenar a presidenta e destitui-la definitivamente do cargo, são necessários dois terços dos votos do Senado (54 de um total de 81). Caso contrário, ela reassume imediatamente suas funções.

Ou seja, ainda temos um longo caminho pela frente… :-/