Desembreado

Você já ficou sem embreagem?

Já?

Putz, é horrível…

É que estava eu, há exatamente um mês atrás, em pleno sabadão, junto com a Tropinha de Elite (vulgarmente conhecidos como meus três filhotes: Escapou, Já Foi e Já Era), quando – do nada – o pedal de embreagem do Poseidon afundou totalmente.

A impressão é que ele tinha ficado travado, mas, na prática, ele só perdeu o efeito de mola que o próprio cabo lhe proporciona.

Olha, eu juro que tentei e me esforcei, mas sem ter conhecimento de causa de como funciona a “mecânica” da coisa, esse “mechânico” que vos tecla não tinha a mínima possibilidade de consertar a viatura…

Liguei para o bom e velho mecânico que havia dado uma geral no Titanic II e contei-lhe a saga. Ele mandou um assecla ajudante – já, inclusive, com uma travinha no bolso. É, o caboclo conhece bem da matéria e por telefone mesmo já tinha formulado o diagnóstico: o cabo escapou.

Acontece que a ponta do cabo da embreagem é presa no pedal num dos locais mais inacessíveis e mal iluminados que se poderia imaginar num veículo. O rapaz bem que tentou, mas sem ferramentas e iluminação a coisa não rendeu.

Resolvemos levar o carro para oficina. E lá fui eu, rezando para não pegar nenhum sinal vermelho e fazendo a mudança de marcha de ouvido, morrendo de dó das engrenagens do câmbio.

Ainda que aos trancos e barrancos a viagem foi curta e sem incidentes.

E lá, mesmo com todo o aparato necessário, ainda assim levou quase uma hora para conseguir encaixar a bagaça – que nada mais é que uma ponta de metal presa com um anel de pressão.

Tudo pronto, ponho a criançada pra dentro, engato a ré, ponho o carro pra fora, entro na primeira e o cabo sai na segunda.

Tudo igual.

Não andei nem cinco metros.

Com jeitinho, lá vai o carro pra dentro da oficina de novo (nesse meio tempo a Dona Patroa chegou e resgatou os pimpolhos).

Chegamos à conclusão que não iria adiantar simplesmente encaixar de novo, pois, fatalmente, acabaria escapando. O negócio era assegurar que o mesmo não saísse. Como? Colocando uma travinha na ponta do cabo.

Foi questão de tirar tudo de novo e, com uma broca bem fina, fazer um furo na cabeça do cabo. Isso feito, bastou encaixar tudo mais uma vez – inclusive com a arruela de pressão – e colocar a cupilha no local do furo, logo após a arruela.

Ficou perfeito!

Só para que entendam o que foi feito (e este registro tem o condão de ser uma dica de mim para mim mesmo em algum perrengue futuro), eis uma imagem de onde vai o cabo (em amarelo) e onde foi colocada a cupilha (em vermelho).

3 comentários em “Desembreado”

  1. Passei por uma dessas logo que tirei carta. Molecão, pegava o fusca do pai e quando tinha os perrengues primeiro a gente resolvia e só depois contava. Numa dessas cheguei no mecânico entre 2ª e 3ª marchas, e nas esquinas onde não tinha declive era rezar pra não precisar parar…Igualmente chatas são perda dos freios (nessa só me arrisquei rebocar) e cabo do acelerador. Um em cada Fusca. Haja aprendizado!

    Abs!

  2. É, Kauê, somente essas relíquias, essa antigomobília, é que nos permite “brincar” assim…

    Os carros modernos já não têm propensão para gambiarras, de modo que parou, fudeu.

    Simples assim.

    Abração!

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