Ave Caesar, morituri te salutant

A fachada da Boate Kiss, em Santa Maria, após o incêndio.

Impensável, intolerável, inominável.

A Tragédia de Santa Maria (assim mesmo, com “tê” maiúsculo) é daquelas situações que desafiam a lógica.

Aliás, demorei a escrever algo por aqui por simplesmente não ter palavras.

Mas a imprensa tinha.

Ainda que eu continue não as tendo.

Sendo assim, além do amigo Bicarato, que traduziu bem o meu pensar (pesar) neste texto aqui, trago as palavras do Duda Rangel, que deixou o humor de lado para passar a lição de casa para aqueles que ainda não aprenderam.

E duvido que venham a aprender.

Para um jornalista, cobrir uma tragédia é trabalhar no limite. O limite entre o interesse público e a simples exploração da desgraça.

Cobrir uma tragédia é monitorar os próprios passos, perceber até onde se pode avançar.

É apelar para o bom gosto em meio a gosto tão amargo.

Cobrir uma tragédia é prestar serviço. E auxílio, se for preciso.

É ficar bem próximo da dor do outro, da histeria, da anestesia. E saber respeitá-las. É lembrar que o Jornalismo pertence à tal área de Humanas, por mais que a Matemática, com seus balanços de mortos e feridos e índices de audiência, insista em se intrometer.

Cobrir uma tragédia é parar com a bobagem de achar que frieza é sinônimo de profissionalismo. Jornalista pode se emocionar, pode se solidarizar. Pode se sentir pequeno. Nós, jornalistas, não somos máquinas. Pertencemos também à área de Humanas.

Emenda à Inicial: Aí embaixo, nos comentários, o Bicarato deu o link direto para o texto que (agora) também está lá no Alfarrábio.

Embargos Auriculares: Um excelente texto pinçado lá do Trezentos, de autoria do Manoel J. de Souza Neto, é este aqui: “Incêndio em boate em Santa Maria (RS) não é fato isolado – Brasil precisa de um Código Nacional do Setor de Eventos e Entretenimento”.

1 thought on “Ave Caesar, morituri te salutant

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *