Desejos

Desejo a você
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.

A perseguição política do compartilhamento

Direto daqui.

A decisão de condenar os co-fundadores do site The Pirate Bay à prisão é absurda e injusta. Isso ilustra como uma obsoleta lei de direitos autorais e sua aplicação indiscriminada são prejudiciais para a sociedade como um todo. Essa incompreensão das realidades tecnológicas, econômicas e sociais não devem mascarar o fato que esta decisão é, acima de tudo, política.

Os cidadãos que se preocupam com as tecnologias digitais e com a Internet estão assustados com a decisão da Corte de apelação de Svea que julgou o recurso para (reduzir) as sentenças de prisão de F. Neij, P. Sunde e C. Lundström, os fundadores do The Pirate Bay. O tribunal também manteve as multas gigantescas e aumentou os  prejuízos que, supostamente, as empresas de música que os processaram tiveram.

  • Do ponto de vista técnico e jurídico, a decisão é injusta porque o The Pirate Bay não é nada além de um índice, que agrega recursos que já existem online. Esta decisão equipara-se a condenar uma  biblioteca por seu catálogo, mesmo sem  conteúdos ou atividades que violam direitos autorais.
  • De um ponto de vista filosófico, esta decisão é injusta porque tende a condenar o ato do compartilhamento. Compartilhar é bom e legítimo. A cultura só existe porque ela é compartilhada. O problema é que as atuais leis de direito autoral e sua implementação são obsoletas. Estão fundamentalmente em desacordo com os novos usos que criam e difundem a cultura de hoje e de amanhã.
  • De um ponto de vista político, a decisão é revoltante. É uma declaração para convencer as pessoas de que o compartilhamento  é ruim para os criadores, quando tem um efeito positivo e comprovado sobre a diversidade cultural, sobre as receitas de shows e outras atividades e não há efeito  negativo comprovado nas vendas de mídias de música ou outros. Esta decisão vai tornar-se o emblema da imperiosa necessidade de se adaptar à realidade os direitos autorais ao invés de tentar mudar a realidade para que se encaixe os ditames dos direitos autorais.

 
Os fundadores do The Pirate Bay podem provavelmente contestar esta decisão e levá-la à suprema corte, e esperamos que a justiça será restabelecida em breve. Estamos convencidos de que em poucos anos, esta decisão irá aparecer para todos como uma reminiscência de um sistema decadente, interessado em marcar alguns  últimos pontos  antes do advento de uma inevitável mudança.

Concluem juntos Jérémie Zimmermann e Philippe Aigrain, co-fundadores de La Quadrature du Net.

Tecnologia policial

Sim, eu sei que a piada é velha.

Mas, ainda ontem, ao ver aquela famosa “condução dos presos” no fórum, com nossa valorosa PM armada até os dentes e com meio corpo pra fora da viatura, demonstrando que o Código de Trânsito é uma coisa que somente se aplica aos reles mortais… bem, não teve como não lembrar dela!

E naquele dia ensolarado, ia ser realizado o teste definitivo para se dizer qual seria a melhor Policia do planeta. Os finalistas eram: o FBI, a Scotland Yard e a PM de São Paulo. O teste consistiria no seguinte: um coelho seria solto na floresta e cada Policia, usando seus melhores métodos e pessoal, teria que achá-lo e trazê-lo de volta. Quem fizesse isso no menor espaço de tempo, seria o vencedor.

Soltaram o coelho.

Por sorteio, o FBI foi designado para tentar primeiro. Usando fotos de satélite, análise de DNA dos pelos encontrados e um cerco gigantesco à floresta, com dezenas de helicópteros e centenas de homens, o coelho foi capturado em 3 horas e 14 minutos.

Soltaram o coelho novamente, e lá foi a Scotland Yard na sua vez. Usando analistas de comportamento, psicólogos, estudiosos da psiquê coelhística, mais um batalhão anti-bombas terroristas com óculos de visão noturna, armaram uma armadilha com uma coelha usando passaporte irlandês falso e uma cenoura com sonífero. Capturaram o coelho em 1 hora e 30 minutos, o que arrancou reações de espanto na comissão julgadora.

Mais uma vez soltaram o coelho, e a nossa valorosa PM foi mostrar serviço. Saíram numa Veraneio 74, com os paralamas cheios de massa, 4 pneus carecas e um pedaço de fio amarrado na tampa traseira (o fecho da tampa caiu em 1982), com 8 policiais com mais de meio corpo para fora das janelas da perua, batendo nas portas com revólveres 38 e escopetas em punho, e em alta velocidade adentraram a floresta. Retornaram em 20 minutos, deixando atônitos os juizes, o FBI e a Scotland Yard. Abriram a tampa do camburão, e lá dentro estava um porco-espinho cheio de hematomas, trêmulo, encolhido, que gritava:

– TÁ BOM!! TÁ BOM!! EU SOU UM COELHO!!!! EU SOU UM COELHO!!!

Pensamentos

Pensamentos são como pássaros que vêm quando querem e pousam em nosso ombro. Não, eles não vêm quando os chamamos. Vêm quando desejam vir. E se não os registramos, voam para nunca mais. Isso acontece com todo mundo. Só que as pessoas, achando que a literatura se faz com pássaros grandes e extraordinários, tucanos e pavões, não ligam para as curruíras e tico-ticos… Mas é precisamente com curruíras e tico-ticos que a vida é feita.

Rubem Alves
Quarto de Badulaques

Mais Roseanices

E essa minha criançada não cansa de me surpreender…

Desta vez novamente foi o Jean, tal e qual a anterior.

Ontem à noite, meio que perdido em meus pensamentos enquanto a chuva fina e insistente despencava fora da área, estava lá eu empurrando o balanço e conversando com esse pequenino senhor que, do alto dos seus seis anos de idade, me contava como foi seu dia, suas opiniões, relatos e conclusões. No meio disso tudo, me veio com essa:

– Sabe, tem aquele brinquedo que você nos deu – que é um igualzinho ao outro? Então, o Kevin quebrou o dele. O meu não, o meu tá guardadinho. Mas o dele só quebrou porque ele deixou num lugar descuidadoso!