Politicamente incorreto (de novo)

Tava eu bestando por aqui enquanto aguardava completar um download (Alice, te segura!) e resolvi dar uma fuçada nas catacumbas de meu computador.

E acabei por (re)encontrar os textos que baixei lá do Jesus me chicoteia!

Já tinha transcrito aqui no blog aquele do Noé (muito bom, por sinal) e agora segue o de Caim e Abel…

CAIM & ABEL

Passaram-se os anos, Eva já era uma senhora respeitável e Adão um velho safado. Levavam aquela vida besta, Adão saía para trabalhar, Eva ficava cuidando dos filhos e dos primeiros netos. Viviam sem grandes preocupações a não ser as brigas constantes entre os dois filhos mais velhos, Caim e Abel.

Como se sabe, Abel era pastor de ovelhas e Caim era agricultor, e viviam discutindo sobre qual das duas ocupações era mais nobre e útil. Abel era apegado aos pais e carinhoso com os irmãos; Caim era o terror das mulheres (suas próprias irmãs e sobrinhas, que era o que se podia arranjar, dadas as  circunstâncias da época). Abel era apaziguador por natureza; Caim não resistia à tentação de entrar numa briga.

Apenas uma vez chegaram a um consenso: por sugestão de Caim, formaram uma dupla sertaneja. Pela primeira vez pareciam irmãos de verdade e animavam as festas da imensa família com seu talento nato. Abel entusiasmou-se tanto que até se esqueceu do tênis de mesa, que tinha sido a sua sugestão de dupla, mesmo porque ninguém ainda tinha tido a idéia de inventar a bolinha.

Mas, como era de se esperar do temperamento de ambos, a harmonia durou pouco. Os irmãos começaram a brigar em todos os ensaios, e nos shows um queria aparecer mais que o outro, com agudos, glissandos,  scats e outros malabarismos vocais para impressionar a platéia e irritar o irmão. Vendo deus que a dupla de que era empresário ameaçava desmontar-se, resolveu tirar a prova dos nove e convocou os dois para um concurso. Cada um devia apresentar uma canção de própria escolha, e o que se saísse melhor seria aceito como líder, sem discussão. Ambos aceitaram.

Chegado o dia do concurso, com uma numerosa platéia (lembremo-nos que os tempos eram outros, as pessoas viviam mais e não tinham muito o que fazer além de sexo, o que levava a taxas de natalidade absurdas), Abel foi o primeiro a apresentar-se, com a música Segura Na Mão De Deus. Cantou a última estrofe de um jeito meio sincopado e terminou com um agudo impressionante. O coro de “Já ganhou!” durou dez minutos.

Ainda no meio da ovação dirigida ao irmão, Caim subiu ao palco. Olhou com ódio para o público e começou sua interpretação intimista e sofrida de Se Eu Quiser Falar Com Deus, e foi tão aplaudido quanto Abel.

Terminado o concurso, deus subiu ao palco para anunciar o vencedor. O resultado justo seria o empate, mas Caim arriscara -se cantando uma música cuja letra chegava a questionar a existência de deus, vejam só. Movido mais por despeito do que por critérios musicais, deus anunciou Abel como vencedor e entregou a Caim o Troféu Abacaxi. Abalado com a injustiça e a ironia cruel de tudo aquilo, Caim arrebentou o violão na cabeça de Abel e saiu correndo do palco. Abel morreu como consequência de traumatismo craniano grave, e deus condenou Caim ao pior dos estigmas: sair pelo mundo sem destino, cantando em churrascarias.

Com isso, deus criou o exílio e Caim inventou o assassinato e inaugurou essa tradição de sempre morrer um nas duplas sertanejas.

Why I want my daughter be a hacker

Artigo recortado-e-colado lá do Blogaro! – até porque tenho três filhos…

E, sim, no sentido deste texto eu também quero que eles sejam hackers!

😀

Ontem no caminho de casa, eu li um post de um blog com o título “Why I want my daughter to be a hacker” onde o autor falava sobre os motivos de ele querer que a filha seja uma hacker, mas não no sentido apenas de hacker de computador, mas no âmbito geral.

Eu, pai de duas bebês, estava pensando nesse assunto desde que ela nasceu. Qual a melhor forma de educá-la para a vida ? E eu estava com algo bem próximo do que ele falou em mente.

O que é um hacker, e o que eu quero ensinar às minhas filhas?

Um hacker é uma pessoa que lê um artigo e questiona-se a si mesma sobre a veracidade do fato. É uma pessoa que tem um senso crítico aprimorado. Se é dito a um hacker como ele deve agir, ele faz só se concordar. É um curioso e investigador por natureza. Se minhas filhas tiverem essa característica, eu vou certamente dar-lhes a oportunidade de desenvolvê-la.

Hackers são curiosos e investigadores. Se eu der um rádio, vou explicar o funcionamento, falar sobre ondulação, etc. Aprender não ocupa espaço e em uma mente jovem e capaz, as coisas são aprendidas com rapidez. Hackers não se satisfazem no uso de uma ferramenta, mas no entendimento e muitas vezes construção de uma.

O computador delas – quando tiverem um 😉 – vai rodar linux ? Claro!

Eu sei, e tenho certeza, que um hacker não precisa usar linux, mas linux e o movimento open-source têm muita relação com o hacker. As ferramentas abertas, sendo abertas, te dão todo o poder de modificá-las se for assim quisto. O sistema aberto idem. Os sistemas proprietários não dão essa possibilidade. Eu não posso, por exemplo, alterar o kernel de um sistema proprietário. Se eu comprei um hardware, ele é meu, e eu posso usá-lo e fazer dele o que me der vontade. Hackers dão suporte a sistemas abertos pois gostam da liberdade. Eu dou suporte pois quero que minha filha possa usar ferramentas sem limitações.

Antes de qualquer discurso como “existem sistemas mais fáceis”, ou coisa do gênero, eu digo: Podem existir. Eu quero que as minhas filhas sejam cabeças pensantes e não cabeças que pensam o que lhes foi dito. Um hacker não pensa o que lhes ensinaram, mas ele é um desenvolvedor. Desenvolve suas teorias, seus pensamentos. Ele adquire conhecimento e não simplesmente recebe. Conforme dito no texto original, os hackers preferem a habilidade ao conhecimento, pois o conhecimento, quando necessário será adquirido. Um hacker é um pensador e não um repetidor.

Talvez uma das coisas que me fez gostar do texto é dele lembrar eu mesmo. Eu me lembro de mim ao ler esse texto. Lembro dos problemas e sucessos pelo comportamento hacker.

Um hacker não é um rebelde/revoltado. É um pesquisador, cientista. É um curioso que tem sua opinião e age pela própria cabeça.

Aliás, aqui está a referência do post inspirador: Why I want my daughter to be a hacker.

E termino com a frase de praxe:

Happy hacking!