Direto do túnel do tempo

1968. Marília. Dessa vez decidiu nascer no seio de uma pequena família japonesa. Agricultores. Vida difícil…

Mas foi criada, juntamente com o casal de irmãos mais velhos, com todo amor e firmeza necessários, típicos da cultura nipônica. Sua infância foi na fazenda. Pé descalço. Bonequinhos de argila na beira do riacho. Subindo em árvores e se enfiando em buracos de tatu para encontrar ninhadas de cachorrinhos.

O tempo passou e, mesmo após algumas mudanças, uma grande reviravolta: a família toda se transferiu para o litoral norte. Centenas de quilômetros de distância. Horas e horas de viagem. Sua adolescência se deu caminhando descalça na areia da praia e assistindo o pôr-do-sol passeando entre refrescantes ondas à tarde.

Nova mudança, agora mais sutil. Simplesmente subiram a serra. Início da vida adulta, muitos empregos, concursos e namorados (não necessariamente nessa ordem). Mas há que se estabelecer. Há que se ter segurança. Há que se ter recursos. E toca pro Japão, trabalhando em belíssimos gramados num campo de golfe por quatro anos.

Na volta, completou seus estudos. Terminou o estágio. Terminou a faculdade. Terminou o noivado.

E então surgiu um novo namoro. Meio que foi chegando, se instalando, participando, e – quando deu por si – já estavam juntos. Dali também veio casamento, vida a dois, um filho, outro filho e – pasmem – mais um filho.

Três pequerruchos.

Três razões de viver.

Três esperanças para o mundo.

A vida continua difícil. Às vezes pregando peças, às vezes assustando. Traz desânimos tanto quanto traz alegrias. Felicidades e tristezas. Coragem e medo. Enfim, a vida como ela é.

2007. Treze de março. Muitos anos se passaram (não serei deselegante, façam as contas) e ela continua tão linda quanto no dia em que a conheci. Inteligente como sempre foi. Cada vez mais sábia, cada vez mais perspicaz. Seu caráter é tão ou mais forte que antes. Sua alegria continua arrebatadora. Me perco em seu sorriso. Me afogo em seu olhar. Me deleito em seus cabelos.

Eu a amo mais do que seria possível mensurar.

Mãe de nossos filhos. Mulher de minha vida.

E sempre serei eternamente grato porque me foi permitido fazer parte de sua vida.

Feliz aniversário, Mi.

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