Motorizando – Parte II

Logo que cheguei à “vida adulta” já me casei. Tinha apenas dezoito anos e foi necessário até mesmo consentimento dos pais por escrito no cartório… Pouco tempo depois adquiri minha primeira “moto de verdade”: uma RDZ 125 ano 83! Lembro-me que ela estava meio judiada, com a parte elétrica em pane, inclusive com o tanque amassado, pois o tio do antigo dono tinha derrubado uma espingarda nela! Ou seja, reforça ainda mais o fato de que vem de longa data essa minha mania de pegar coisas bichadas e dar um jeito de consertar…

Desmontei a moto inteirinha, deixando só o motor intacto. Fora do quadro, mas intacto. Levei todas as peças para a casa do Seo Bento, vulgo meu pai (que já possuía uma oficina pra lá de completa desde que me lembro por gente) e lá pintei o quadro, desamassei e pintei o tanque, apliquei os decalques, envernizei, usei uma tinta à prova de calor no escapamento, enfim, reconstrui a motoca. Ficou jóia!

Ela foi uma boa companheira por um bom tempo, de modo que eu e a ex-Dona Patroa (sim, sou separado – mas isso é uma outra história) viajávamos por aí sempre que podíamos – e as parcas condições financeiras permitiam…

E foi justamente por uma dessas viagens que resolvi comprar uma moto maior. Estávamos na estrada e fui tentar ultrapassar um carro. Béééééééééééé e… vinha carro na contra-mão e eu tinha que voltar pra trás. Tentava de novo, reduzia, bééééééééé e… novamente tudo de novo outra vez. Encheu o saco. Queria uma moto maior. Foi aí que arranjei uma bela duma CB 400 ano 1982 – com motor ainda original japonês.

Essa moto era uma delícia! Lembro que na primeira volta que fui dar com ela, com o motor ainda ronronando suave, de repente percebi que estava a mais de cem por hora!

Nessa mesma época, pra facilitar as voltas pela cidade, arranjei uma RX 125 ano 1980 – bem velhinha mesmo – e que ficava com minha esposa. Não tirei fotos dela, mas era tar e quar essa aí em baixo (inclusive prata também)…

Mas, o tempo passa, a chuva chove, as compras pesam, os amigos têm que ir de ônibus, então resolvemos que já era hora de comprar um carro. E como começou essa aventura? Com um bom e velho Fusca 74, motor 1.600, dupla carburação – que era sua benção e sua maldição. Toda vez que o carro entrava numa estrada de terra ou paralelepípedos, bastava rodar uns quinhentos metros pra começar a falhar… Segundo o maldito office-boy que trabalhava comigo no Banco Nacional, ele era uma gema de ovo.

Aliás, já foi nessa época que comecei uma tradição que me acompanha até os dias de hoje, como dá pra perceber pela foto a seguir…

Como motoqueiro que é motoqueiro bom motociclista não abandona suas origens, paralelamente comprei uma DT 180 ano 1983. Uma verdadeira bomba de flit de tanto óleo e fumaça que soltava…

E foi também mais ou menos nessa época que meus neurônios começaram a degringolar e eu fiquei fissurado em carros, digamos, “fora de série”. Arranjei um caboclo que queria um Fusca tal qual o meu e adivinhem o que ele tinha pra trocar? Não, não era um Opala. Era um Jipe Willy’s 1952, todo original, com reduzida, quatro por quatro na chaveta direto na roda e mais um charme especial: botão de partida no pé! Demorou, mas aprendi a manha de tal modo que só eu conseguia ligar o danado!

Era como dirigir uma caixa de fósforos! Você olhava pra trás e o carro já acabava! Aliás a primeira surra que levei dele foi no câmbio. Acostumado que estava com o Fusca, sempre que parava num semáforo já engatava a primeira. Acontece que nesse jipe a posição da primeira marcha ERA A RÉ! A primeira “de verdade” fica onde estaria a segunda, a segunda na terceira – e, bem, vocês já entenderam, né? No primeiro semáforo que parei, não tive dúvidas: no piloto automático já posicionei o câmbio onde deveria ser a primeira mas, na verdade, engatei a ré. Abriu o sinal e quase que eu destrui um carro que estava bem atrás…

Aliás, era facílimo de saber a previsão do tempo: bastava tirar a capota que chovia. Não falhava! Eis uma foto dele sem a cobertura e que tem por condão demonstrar a grande vantagem das câmeras digitais sobre as analógicas: se alguém piscar numa foto teria como arrumar na hora!

A história prossegue, mas já está comprida demais para um único dia. Semana que vem continuamos…

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8 comentários em “Motorizando – Parte II”

  1. Até que tá bom, Rafael… Nessa vida louca, exagerado eu sempre fui, e, como ideologia, não meço esforços pro dia nascer feliz, pois tenho certeza absoluta que o tempo não pára. Heh! Tudo isso? Faz parte do meu show…

    😀

  2. Adorei ler a história! Principalmente porque quem sabe minha trajetória será a mesma… Gosto de todos esses veículos aí, tirando a RD 125 (prefiro a RD 135 ou a Viúva Negra!) e a RX 125.

    A CB 450 é a minha moto antiga preferida, acho muito charmosa. Já Fusca é o meu segundo (e mais possível) sonho. E Jeep, pra mim, é o “deus” do off road. Admiro bastante.

    Abraços.

  3. Ora, João, com certeza eu também gostaria de ter tido a Viúva Negra – uma 350 conhecida como “assassina” à época… Apesar de todos esses estilos, sempre fui um motorista “bem comportado”. Bem, quase…

  4. Olá amigo, muito bom ler sobre a sua historia.

    Entrei no blog por acaso, e acabei vendo as fotos do seu jipe. Devido ao numero da placa e as caracteristicas dele cheguei a conclusão de que esse é o mesmo jipe que possuo hoje!

    Se quiser saber como está o jipe hoje em dia posso te mandar algumas fotos. Meu email é gustavooroski@gmail.com, entre em contato que podemos conversar um pouco sobre ele.

    abraço

  5. Só para que saibam: entrei em contato com o Gustavo e consegui umas fotos atualizadas do velho jipinho… Não demora e coloco elas por aqui, fazendo um link com este post.

    Douglas, e foi bem isso mesmo! Na verdade foi bom como um incentivo pra poder comprar uma moto maior. Pelo menos foi isso que disse pra minha esposa, na época…

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