Paternidade

Paternidade é uma coisa maravilhosa. É ser agraciado com uma dádiva divina. É entrar num eterno ciclo de aprendizado. É ficar à mercê de pequeninos seres iluminados. É ficar em consonância com o Universo. É ficar vinte minutos procurando a porra do outro pé do sapato que você quer calçar e que os diabinhos esconderam enquanto brincavam…

Ah! A paternidade…

Desnecessidades

Tem certas coisas que são ditas mas são total e completamente desnecessárias. Conversa de hoje no café da manhã:

– Ah, amor, sabia que todos juntos temos seu peso?

(Pequena pausa dramática, enquanto eu tentava me desvencilhar do último gole de café que não queria mais descer.)

– Cumassim?

– Então. Eu peso 48. O mais velho 23. O do meio 18 e o caçulinha 11. Isso dá seus 100 quilos!

Do alto de meu 1,90m de altura (pequena e vã tentativa de justificar esse número), não me restou mais nada a dizer senão:

– Credo Mi. Que informação mais inútil. Pra que serve ficar coletando coisas desse tipo?

E, com um meio sorriso por trás de sua xícara de café, ela me respondeu com aqueles pequeninos olhos sapecas e brilhantes:

– Apenas estou tentando ficar à sua altura…

Pronto.

Criei (mais) um monstro.

Quarenta (mas com corpinho de trinta e nove)

Acho que meio que afetado pela onda de saudosismo da Lala, ontem à noite resolvi dar uma fuçada em algumas fotos antigas. E curiosamente encontrei essa que está aí em baixo, todos adEvogados, e que prova que a falta de parafusos deve ser congênita. Da esquerda pra direita: o Santiago, que tem seu escritório em São José dos Campos; o Luís Henrique, que trabalha na Administração Municipal de Guarulhos; a Lúcia Helena, da Administração Municipal de São José; e eu (aproximadamente dez anos atrás e dez quilos a menos).

( Em tempo: a besta que vos escreve cometeu um erro crasso. Não é a Lúcia Helena. É a Cíntia (ex do Luisinho). Um viva à Andréa, sempre perspicaz, que me avisou. Acho que quem tá ficando velho sou eu… )

Aliás, no próximo dia 14 o Luisinho chega aos quatro-ponto-zero. Pois é, o tempo passa, mon ami… Mas já prometi que (dessa vez) não irei cometer nenhuma atrocidade, como fiz com o amigo Themístocles quando fez seus quarenta anos (um dia ainda conto essa história por aqui). Um brinde e um grande abraço ao doutor, compadre, copoanheiro e – sobretudo – amigo!

Zuzo lôco!

Uma garibada na língüa portuguêza

Pra mim escrever esse texto foi um poblema. Uma questão de célebro mesmo. Pelo menos quando eu era de menor tudo que eu fasia ia de encontro às minhas pretenções, ou seja, tudo que eu pritendia – ainda que mais tarde precizasse de concerto – eu conseguia de primera. Mas quando fiquei afim de falar algo sobre êrros de portuguêz, também fiquei meio desacorçoado. A impressão é de tentar estacionar um carro que não estersa de jeito nenhum. Apesar de já ser adevogado há um bom tempo, e – em tese – saber onde vai cada acento e asterístico de uma fraze, à partir daquele momento (da decisão de escrever o texto) percebi que não seria fácil, haja visto que poderiam haver muitas dificuldades. Arriscando um exagero, poderíamos dizer quer foi quaze um estrupo mental… Porisso estejam cientes que, por mais complicado que seje, quando a gente queremos, a gente conseguimos!

Mas acho que já estou enrrolando muito. Se continuar assim eu vou estar passando uma idéa de que não vou estar conseguindo atinjir meu objetivo beneficiente: o de simplesmente ajudar a criar uma discussão saldável desse tema que fazem semanas que venho tentando abordar. Tudo bem, tudo bem, não sou nenhum herói por causa disso. Não precisam estar mandando fazer nenhuma estátua em mármore de minha pessoa, nem mesmo presentear-me com uma casa (ainda que germinada). Isso porquê o que fasso sempre é por praser, e não por obrigação. Ninguém precisou me colocar em cheque praisso.

Em fim, acho que já temos exemplos suficientes de coizas que devemos evitar. Creio que prolongar esse texto com mais ou com menas frases não iria adiantar. Na verdade tudo que eu realmente queria era mostrar que devemos ter um grande cuidado com a hortografia!

ELUCIDÁRIO:
guaribada
língua
portuguesa
para eu
problema
cérebro
menor de idade
fazia
ao encontro de
pretensões
pretendia
conserto
precisasse
primeira
a fim de
erros
português
descoroçoado
estorce
advogado
asterisco
frase
a partir
haja vista
poderia haver
quase
estupro
por isso
cientes de que
seja
quer
consegue
enrolando
vou passar
idéia
vou conseguir
atingir
beneficente
saudável
faz semanas
mandar fazer
estátua de mármore
me presentear
geminada
porque
faço
prazer
xeque
para isso
enfim
coisas
menos
ortografia

Cordeiro em pele de Lobo?…

Ainda ontem recebi uma mensagem da amiga Elaine elogiando o post do último dia 18/10/06. Segundo ela, agora que voltou de férias (“Férias”? Que que é isso mesmo?), estava se atualizando do que havia ocorrido na blogosfera e deparou-se com a repercussão do dito post.

Fiquei encantado com suas palavras, mas… verdade seja dita: eu também não sou lá um anjo encarnado na Terra. Na realidade o que quero dizer é que foram anos de relacionamento(s) para chegar ao atual “estado da técnica”. Temos que constantemente nos lapidar de modo a estarmos melhores que ontem – mas ainda não tão bons quanto amanhã. Amo de paixão minha baixinha (vulgo Dona Patroa), mas ela também já teve – e ainda tem – que ter muuuuuuuita paciência com esse insubordinado que vos escreve.

Só pra exemplificar, transcrevo novamente um post de  12/10/05 (fato verídico!), no qual dá pra identificar bem quem a santa que ela é:

– ROOOONNCC…

– Bonito, hein?

– Hmm?

– A que horas o senhor chegou ontem?

– UAAHH… Umas onze, eu acho…

– Pois é. Custava ligar? Volta e meia o senhor me apronta uma dessas. Já parou pra pensar por um único momento que eu fico preocupada com você? E se tivesse acontecido alguma coisa? Se ia demorar e sabia que ia demorar então ao menos avisasse. Já perdi a conta de quantas vezes o senhor me aprontou uma dessas. Eu já devo ter direito a sair de casa sem deixar nenhum recado por pelo menos umas duzentas e cinquenta e seis vezes, você não…

– Oito…

– Quê?

– Oito.

– Como assim, “oito”?

– Duzentas e cinquenta e OITO vezes. Não seis.

– …

– Mi?

– VOCÊ. NÃO. TEM. JEITO ! ! !

– Mas te amo tanto…

– @#$%¨&*!!!!

Retórica

Pegando o foco da tentativa de influência midiática a que temos assistido recentemente, ontem à noite, em seu primeiro discurso pós-eleição numa festa da CartaCapital, o Presidente Lula fez duas interessantes referências, conforme consta lá no Blog do Mino: primeira, a referência ao fracasso dos chamados formadores de opinião no seu propósito de manipular o eleitorado; segunda, a memória do tempo em que era “proibido falar contra”, confrontada com a regra de hoje, pela qual “é proibido falar a favor”.

Karina do Nihon

Pra vocês verem como são as coisas… Há algum tempo encontrei o blog da Karina (Meu Japão é assim…) e gostei. Tanto, que o adicionei na minha lista aí do lado. Trocamos duas ou três palavras através de comentários em alguns posts – o que só veio a confirmar o quão simpática e agradável ela é. Mas eu nem sabia o quão famosa ela também o era! Já foi até musa inspiradora para uma das crônicas de Mario Prata! Nas palavras da própria, “apesar do título comprometedor: Minhas Mulheres e Meus Homens”, nesse livro é que foi publicada a crônica.

Quem quiser conhecê-la um pouco melhor, além do próprio site, pode ler também uma entrevista (com foto!) no Plurality, de Paulo Nagoya.

Segue a crônica do Mario Prata:

Karina de Belô

(Publicado originalmente em O Estado de S. Paulo, de 31/03/99)

Aquelas doidas e maravilhosas adolescentes, que fizeram uma home page minha, com a maior intimidade colocaram lá, no mês passado: o Pratinha faz aniversário este mês. Clique aqui para mandar parabéns para ele.

Vários desocupados e desocupadas clicaram e a Manuela me mandou as mensagens. Respondi a todas, agradecendo o carinho e o etecétera.

Mas foi aí que surgiu a Karina. Me respondeu dizendo que as colegas dela na faculdade de jornalismo não acreditaram que eu tivesse escrito para ela: “Imagine se o Mario Prata ia escrever para você!” Será que as colegas dela acham que eu não sei escrever?

E mais, dizia a Karina: estava fazendo um trabalho sobre cronistas, centrado em mim e queria saber qual a maneira que eu poderia ajudá-la.

Uma entrevista, uma palestra lá?

Respondi que estava havendo um pequeno engano. Meu nome era Mario Prata, mas eu não era o escritor. Era até parente. Sou dentista aposentado, fui logo informando. Mas, para sair do marasmo que era a minha vida, agradecia o convite para palestrar e poderia ir até Belô fazer uma palestra sobre molares aninos (que nascem no ânus). Disse ainda que tinha slides e precisava de uma cadeira de rodas para me pegar no Aeroporto da Pampulha, pois era paraplégico. E mais, informei: era solteirão e virgem, promessa feita no leito de morte da minha mãe, jurando de joelhos juntos que só me casaria com moça mineira, cujo nome começasse com K. Mamãe, em vida, foi apaixonada pelo Kubitschek.

A Karina adorou a idéia da palestra sobre os molares aninos. Achei meio esquisito tal atitude. Foi quando eu parei e achei que estava indo longe demais. E o pior: na última carta, ela pedia para eu parar de chamá-la de menina, porque, o fato de ela estudar jornalismo não significava que era uma jovenzinha.

Muito pelo contrário. E me contou a sua vida. Tinha 67 anos, viúva, filhos criados, resolveu estudar. Fez bem, pensei: escreve certo como gente grande, dominando as vírgulas e as respirações como uma Clarice Lispector. Parei de novo. Percebi que a dona Karina estava se empolgando com o doutor Mario, dentista. Essa coroa vai pegar no meu (dele) pé, pensei. E agora?

Mandei mais uma, que começava assim: “Agora sei por que o meu marido, o Mario, não queria que eu aprendesse computação. Era para não descobrir essas sem vergonhices dele” e, como esposa de mim mesmo, arrasava com a dona Karina.

Ela mandou outra carta para o dentista dizendo estar decepcionada com o fato de eu mentir sobre minha condição de solteiro, virgem e paraplégico. Estava decepcionada comigo. Ela, que estava até pensando em fazer um acróstico do dentista solitário.

Foi a vez de uma das minhas (do dentista) sete filhas, a Magdala, entrar na história e comunicar à mineira que ela era a causa da discórdia, da lascívia e do cabritismo que se instaurara (Magdala estuda Letras na PUC) no nosso lar, desde que ela “a escroque rampeira das Alterosas” havia surgido. Que, pelo amor de Deus, deixasse a nossa família em paz, no aconchego do até então feliz lar.

O bate-boca continuou até que a minha mulher tentou o suicídio e as minhas filhas estavam dispostas a ir até Belo Horizonte matar a dona Karina. Mas parece que a viúva não se tocava e estava mesmo a fim de mim – dentista, paraplégico ou não, virgem ou pai de sete filhas.

E eu – dentista, especialista em molares aninos, devo confessar, comecei a gostar da viúva, futura colega do primo Mario jornalista.

Foi quando ela mandou um último e definitivo e-mail: “Mario (escritor): obrigada por ter me ajudado. Fizemos (eu e você) um trabalho maravilhoso. Ficou bem melhor do que eu poderia imaginar.

Tenho 21 anos e estou mandando uma foto minha.”

Meu Deus! A foto da viúva de 21 anos! Me desejando, num balão de história em quadrinhos, feliz Páscoa.

E eu fico por aqui, completamente apaixonado. Não sei se é o dentista pela viúva ou o escritor pela futura jornalista. Sei que um de nós convidou-a para passar a Páscoa com ele.

É, Karina, quando baixa um dentista aposentado e apaixonado dentro da gente, querendo mostrar slides de molares aninos, deve significar que o cronista anda sozinho, muito sozinho, sentado numa cadeira de rodas, ouvindo Elvis Presley e Arnaldo Antunes na mesma faixa, como se fosse um adolescente com dor de dentes.