Ressarcimento por fraude na Internet

Direto do clipping da Síntese Publicações, de 26 de julho, sob o título de “Banco é condenado a ressarcir cliente por fraude na Internet”. O que achei interessante na notícia (além do óbvio) é que, uma vez que os meios de comunicação costumam generalizar como hackers os responsáveis por toda e qualquer invasão a computadores, nesse caso foi corretamente utilizada a denominação cracker.

Uma empresa de Pedro Leopoldo, cidade próxima a Belo Horizonte, vai ser ressarcida por um banco do valor de R$3.998,00, que foi lançado na conta da cliente através de fraude realizada por um cracker. O valor deverá ser corrigido a partir de junho de 2006, quando ocorreu a fraude.

A empresa mantém conta no banco e realiza rotineiramente transações financeiras via internet, através do sistema bankline. No dia 12 de junho de 2006, foram efetuadas transações por terceiros em sua conta, gerando um débito de R$3.998,00, sem identificação do beneficiário. Houve também pagamento de dois títulos apresentados por outro banco, nos valores de R$1.353,16 e R$1.502,82, sem identificação do sacado.

O representante da empresa então procurou a agência do banco e conseguiu o estorno dos lançamentos referentes aos títulos, mas não o ressarcimento do débito de R$3.998,00.

O banco justificou a negativa sob o argumento de que o débito foi gerado em tela que não é parte integrante do bankline e foi resultado de um programa instalado na máquina da cliente, provavelmente de maneira desautorizada e sem o seu conhecimento, através de um cracker. Dessa forma, como a empresa teria informado seus dados sigilosos, que foram utilizados por terceiros, não haveria responsabilidade do banco quanto ao ressarcimento.

A empresa ajuizou ação contra o banco, requerendo o ressarcimento do valor indevidamente debitado, obtendo decisão favorável do Juiz da 1ª Vara de Pedro Leopoldo, Otávio Batista Lomônaco.

O banco recorreu então ao Tribunal de Justiça, alegando que as operações bancárias realizadas pela internet são seguras e que a responsabilidade pela fraude é da própria empresa, que forneceu seus dados em programa instalado de forma não-autorizada.

O Desembargador Saldanha da Fonseca, relator do recurso, ponderou que o banco reconheceu que a cliente foi vítima de programa instalado em seu computador sem autorização e, logo, assumiu a falha do serviço prestado pela internet.

“O cliente aceita o serviço bancário pela internet porque acredita que não será lesado; o banco, em contrapartida, deve agir com redobrada cautela, pois o risco do negócio é seu”, concluiu o relator.

Os Desembargadores Domingos Coelho e José Flávio de Almeida acompanharam o voto do relator.

Processo: 1.0210.06.038415-8/001

Fonte: Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Frio, frio, MUITO frio…

Não preciso nem falar, né?…

Mas, mesmo assim, o que dá raiva é que quando a gente reclama que tá frio, frio, MUITO frio, o povo ainda tem o desplante de vir e falar: “Ué, mas não é você que gosta de frio? Então não pode reclamar…”

Pô, DÁ UM TEMPO!

Tá certo, eu gosto de frio. Mas aquele humanamente enfrentável. Do jeito que tá, trabalhar de moto nem pensar! Ainda bem que o seu Bento (vulgo meu pai) emprestou a boa e velha Variant por essa semana. Quem a vê tem a impressão que acabou de sair da loja, mas ela já fez até bodas de prata com a família – foi nela, inclusive, que aprendi a dirigir…

Volto a dar notícias quando recuperar a sensibilidade na ponta dos dedos, até porque digitar de luva deve ser phowwdas…

Profissionais da comunicação

Cena: pai, todo orgulhoso, num restaurante na hora do almoço, explicando que o filho de apenas quatro anos recém- completados adora esportes, todo tipo de esportes, sem exceção:

– O garoto é assim. Sempre gostou de esportes. Tô até pensando em inscrevê-lo numa escolinha de natação, mas vou esperar o verão, né? Tá muito frio por estes dias… – e , virando-se para o petiz, ali do lado – E aí? Que é que você acha filhão?

– Paaaaaai… Eu gosto de assistir esportes, não de fazer esportes…

Na hora quase engasguei ante um iminente acesso de riso.

O pai ainda tenta se justificar: “Tá vendo? Essa criançada de hoje é muito esperta mesmo….”

De fato. Como já dizia o Velho Guerreiro, quem não comunica…

Harry Potter e sua tradução

E então foi feito um super hiper ultra mega blaster advanced plus evento para o lançamento mundial do sétimo (e último?) livro da série, cujo título é “Harry Potter and the Deathly Hallows” (Harry Potter e as Relíquias da Morte).

E então esse lançamento se daria de forma sincronizada em todo o mundo sob a batuta da autora, J. K. Rowling.

E então, alguns dias antes, alguém conseguiu burlar o esquema de segurança, fotografou TODAS as páginas do livro e – adivinhem? – disponibilizou na Internet!

E então a brasileirada, não contente em ter somente a versão em inglês em mãos, e ainda ter que esperar até novembro para que a editora Rocco, por intermédio de Lia Wyler, tradutora oficial da série, se dignasse a publicar o livro, bem, o que eles fizeram? O impensável: reuniram-se virtualmente e através do trabalho em equipe traduziram TODO o livro. Ah, sim, em tempo recorde.

Detalhe: desta vez a ação se deu sob a batuta de Isadora, internauta, fã da série e que tem apenas 14 anos!

Várias lições podem ser tiradas do episódio: desde que haja um ideal comum, qualquer que seja, tudo é possível; “A informação quer ser livre”; internautas unidos jamais serão vencidos; e outras quaisquer interpretações que se aventurem a atribuir ao ocorrido…

Mas o fato é que, assim como o mercado fonográfico, o mercado editorial não está preparado para “lidar” com essa tal de Internet e, menos ainda, com essa teimosa liberdade de expressão que ela proporciona.

Pirataria? Sim. Crime? Sim. Os internautas deixarão de agir assim? JAMAIS! A lei brasileira já é retrógrada no que diz respeito aos direitos autorais e essa situação só piora quando falamos dos meios digitais. Esse foi apenas um pequeno exemplo de como as coisas podem ficar confusas não pela falta, mas pelo excesso de regulamentação. Quanto maior for a intenção de se deixar algo devidamente organizado e ordenado, de uma forma diretamente proporcional, maior será a probabilidade de que tudo isso dê com os burros n’água, principalmente em função daqueles que não se permitem vergar a tais situações.

Bem, enfim, o “estrago” está feito. O curioso é que, de forma surpreendente, a editora Rocco não se incomodou muito com tudo isso. Demonstrou apenas que possui uma séria expectativa de que “fã que é fã vai comprar o livro oficial”.

Bom, muito bom.

Eu, certamente, farei isso.

Aliás, não adianta procurarem o livro para download. Ele não está em nenhum lugar provável na Internet. Mas quem resolver se aventurar nos cantos mais improváveis da Rede, pode ser que ache alguma cópia por aí. Elas estão indo e vindo, aparecendo e desaparecendo, nos mais variados sites. Um bom lugar para iniciar uma busca é no próprio Orkut.

É certo que talvez o texto final possua alguns erros de português e até mesmo de tradução. Mas nada disso é intransponível para um “verdadeiro fã”

De minha parte, o meu arquivão pê-dê-éfe já está garantido, devidamente downloadeado e arquivado nas catacumbas do meu computador! 😀

Nuvem cinzenta

Mais um dia cinzento pela frente. Tem dias que dá vontade de simplesmente ser como o Chefe-Cavalo-Galopante. Não conhecem a estória? Aí vai:

Um índio entra com toda calma no saloon, com uma escopeta numa mão e um balde de bosta na outra.

– “Cavalo Galopante” querer café.

O garçom lhe serve uma xícara, que ele esvazia num gole só. A seguir joga o balde de bosta para cima, dá-lhe um tiro certeiro, espalha merda pra todo lado e vai embora.

Na manhã seguinte ele retorna ao saloon, pede outro café e pergunta porque ainda não limparam tudo.

O dono do bar corre imediatamente pro balcão e, puto da vida, diz:

– Como é que é ??? De jeito nenhum !!! A gente ainda nem conseguiu terminar de limpar a sua estripulia de ontem e você ainda tem a audácia de voltar aqui, sem nem ao menos dar uma explicação???

Então o índio explica:

– Mim fazer curso management. Querer virar executivo. E ontem fiz trabalho prático. Mim chegar de manhã, tomar café, espalhar merda e desaparecer resto do dia.

E conclui:

– Hoje cobrar resultado.

Manifesto Hacker

Outro dia assisti (novamente) um filme que já pode ser chamado de antigo: Hackers.

Tudo bem que não é lá nenhuma super produção, mas o filme tem seu charme. Sei que muita gente (vulgos “entendidos”) desceu a lenha nesse filme, dizendo ser um dos piores já feitos ao abordar esse tema.

Mas discordo veementemente.

O filme tem pelo menos três grandes pontos fortes.

Em primeiro lugar preocupou-se em “traduzir” para os leigos toda aquela linguagem informática. Fez isso com os recursos que tinha à época, concentrando-se mais na linguagem visual do que na técnica propriamente dita. Até porque, para quem não é da área, seria muito chato um filme mostrando as invasões de hackers da maneira como realmente acontecem (comandos, scripts, comandos, telas de texto e mais comandos). De se destacar alguns pontos interessantes que aparecem no filme na busca de elementos, como a chamada engenharia social, os manuais técnicos utilizados, as incursões nos lixos das empresas, as políticas de segurança, e por aí afora.

Em segundo lugar, o filme possui, antes de mais nada, um alento de saudosismo, de ingenuidade. Você percebe a luta do grupo em manter seu padrão ético. Subversivo, sim, mas ainda assim totalmente ético. E com isso vem à tona das lembranças os áureos tempos de transgressão ginasiais. Não éramos guiados por interesses financeiros ou de ganhos pessoais, seja a que título for. Na verdade os interesses diziam respeito à sede pelo conhecimento, à capacidade de realização e – por que não? – a um pouco de divertimento também. Mas a gente cresce e o mundo acaba ficando mais complicado, mais difícil, mais cinza (como o tempo chuvoso lá fora…). Para onde foi tudo isso? Para onde foi aquela antiga convicção de que iríamos mudar o mundo? Eu também não sei…

Aliás, eis o trecho final de um texto citado no filme, conhecido como O Manifesto Hacker, escrito originalmente em 8 de janeiro de 1986 por The Mentor.

Este é nosso mundo agora. O Mundo do elétron e do switch, a beleza do modem, a lógica do zero e um, positivo e negativo, dentro e fora. Nós nos utilizamos de um serviço já existente recusando-nos a pagar pelo que deveria ser baratíssimo se não fosse comandado por glutões corporativistas ambiciosos. E vocês nos chamam de criminosos.

Nós exploramos e vocês nos chamam de criminosos. Nós buscamos conhecimento e vocês nos chamam de criminosos. Nós existimos e sobrevivemos independente de raça, nacionalidade ou orientação religiosa e vocês nos chamam de criminosos…

Vocês constróem armas atômicas, vocês declaram guerras, matam, trapaceiam e mentem tentando convencer-nos de que é para nosso próprio bem e mesmo assim tem a maldita cara de pau de nos chamar de criminosos.

Sim! Eu sou um criminoso! E meu crime é o de curiosidade! Meu crime é o de julgar as pessoas pelo que elas falam e pensam e não pela sua aparência.

Meu crime é o de ser mais esperto do que vocês, algo pelo que vocês nunca vão me perdoar…

Eu sou um hacker, e este é meu manifesto. Vocês podem até barrar este indivíduo. Mas você NUNCA vai conseguir acabar com todos nós. Afinal de contas… Somos todos iguais…

Bem, e em terceiro lugar (e sei que vou ser massacrado por isso), outro ponto forte do filme é poder assistir à Angelina Jolie com uns dezoito aninhos, mais ou menos no começo de carreira… 😉