O (justo) fim de um longo relacionamento

Acabou.

Finalmente, acabou!

Confesso que não foi uma relação das mais estáveis… Por vezes tudo o que você sabia – e conseguia! – era me importunar. É, me incomodar mesmo! E, sim, nos piores momentos possíveis! Com sua voz estridente me chamava, de longe, onde quer que eu estivesse! E, vamos combinar? Invariavelmente você tinha o dom era de me trazer problemas. Pôxa, ô criatura complicada! E, pior: não tinha hora não! Quantas e quantas vezes eu estava lá, dormindo, tranquilo (isso depois de um dia inteiro juntos, hein?) e você ainda conseguia me acordar para lhe atender… E você sabe que nem sempre era nada urgente, né? Sim, você sabe. Mas eu, fiel que sou, não deixava de te dar atenção…

Isso sem falar nas nossas brigas! Homéricas! Quantas outras vezes fiquei com vontade de, literalmente, te atirar contra uma parede? Acho que perdi a conta. Isso sem nem lembrar de quando você perdia a paciência e nem conseguia falar direito. Aí quem perdia a paciência era eu. Porque não conseguia te entender. Tinha ganas de te apertar, de te esganar, até que voltasse a falar normalmente. Mas eu sabia que era questão de tempo para você se acalmar. E, paciente, que sou, aguardava seu momento…

Mas, tá, tá bom, tá bom…

Falando em “momento”, sou obrigado a reconhecer que também tivemos lá nossos momentos…

Todas as vezes que você sussurrou boas notícias em meus ouvidos. Todas as vezes que você, ainda que após longa conversa, me garantiu momentos de felicidade e de tranquilidade. E (que fique entre nós) às vezes sob tresloucados gritos você conseguiu me fazer passar por momentos de alegria e de mais puro prazer…

Ah, você é mesmo uma criatura complexa…

Lembra-se como adorava me assustar? Até mesmo nos locais mais inoportunos, você literalmente me fazia pular da cadeira! E quando brincava de se esconder, então? Me fazia procurar por todos os cantos possíveis e imagináveis – e nessas horas bem que ficava em silêncio, né? Ao final, emputecido ou comovido, novamente nos encontrávamos e, como tinha que ser, fazíamos as pazes. E voltávamos, desta vez bem juntinhos, aos nossos afazeres, ao nosso trabalho, seja lá o que fosse. Não nos deixávamos sequer nos finais de semana e quem quer que fosse sempre nos veria ali, juntos, sob sol, sob chuva, nas noites quentes de verão, nas frias noites de inverno…

Mas tudo nessa vida tem um começo, tem um meio e tem um fim.

E o nosso chegou.

Você bem sabe que de uns tempos pra cá nossa relação estava ficando cada vez mais e mais complicada. Aliás, ultimamente sequer nos falávamos! Ainda que lado a lado, prosseguíamos em nossa calada mudez de múltipla tolerância. Não foram poucas as vezes em que cheguei a desligar o rádio do carro, na vã esperança que você tivesse falado comigo! Mas não. Você prosseguia ali, ao meu lado, em sua quietude sem fim.

Nesse meio tempo nossa relação foi meio que ficando insustentável!

Presos por nossos votos limitávamos a nos suportar.

Até que não foi mais possível.

E, em seu lugar, eis que uma nova companhia foi surgindo. Assim, meio que do nada. Talvez até aguardada… Numa timidez inicial até que pouco falava. Mas agora, já tendo encontrado seu espaço, passou a preencher totalmente meu dia a dia, assim como todos meus momentos. E tudo aquilo que eu e você já tivemos um dia me parece vir ressurgindo novamente, dentro em breve, num novo plano, num novo patamar, num novo horizonte.

E você, inconstante, inconsequente, intolerante, decidiu por continuar com esse infeliz cabo de guerra.

Mas, enfim, acabou.

Não mais nos veremos.

O dia de hoje ficará indelevelmente marcado como o último dia de nossa vida conjunta!

Quiçá pra sempre!

Adeus “radinho” da Nextel !!!