Indigna Ação

E então os bombeiros do Rio resolveram entrar em greve. Seria uma coisa “inadmissível”, não fossem as condições que somente vêm a público quando atingem um limite tal que se torna insustentável. E é o que parece ter acontecido naquelas plagas cariocas…

Mas daí, entre o direito constitucional de uma classe trabalhadora proliferar um movimento grevístico – resguardadas as condições mínimas de atendimento à população em situações emergenciais (o que também é uma exigência constitucional) – a compará-los a “vândalos”, bem, é uma distância abissal!

E, pior: utilizar-se do mesmo grupo especial da polícia que impõe terror às favelas do Rio, o BOPE (basta lembrar do veículo blindado carinhosamente apelidado de “Caveirão”), que no sábado instituiu um clima de guerra em pleno centro carioca impondo a força onde deveria haver diálogo, é, no mínimo, revoltante.

Nas palavras do (des)governador Sérgio Cabral Filho: “Esses 440 irresponsáveis vão responder a processos administrativa e criminalmente. A abertura do processo disciplinar já foi determinada, a criminal cabe ao Ministério Público.” Teria razão? Afinal de contas, por suas ordens diretas, esses “440 irresponsáveis” (aqueles mesmos que arriscam a própria vida para salvar as vidas de ilustres desconhecidos) foram presos, dentre outros motivos, por não estarem satisfeitos com o nababesco salário de R$950,00!!!

Difícil até mesmo argumentar. Mas é possível chegar a conclusões mais específicas através das palavras da deputada estadual Janira Rocha (PSOL-RJ), que estava lá quando da ação: “Foi terrível o que aconteceu lá dentro. O BOPE invadiu por trás, jogando bombas de gás e disparando balas de verdade. Tem carros dos bombeiros lá dentro arrebentados a bala. Se os bombeiros não estivessem em movimento pacífico e ordeiro poderia ter ocorrido uma tragédia. (…) Essas pessoas que estão sendo penalizadas são as mesmas que salvam vidas em incêndios e nas praias do Rio. Ganham o pior salário da categoria no Brasil. Quero saber se o governador Cabral, responsável por essa operação, consegue se alimentar em Paris com os R$950 que são pagos a esses homens e mulheres.”

É… Tempo ao tempo e vamos ver como tudo isso vai acabar. Se acabar…

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