Oração do Matuto

Ói Deus,
Nóis tá sempre pedindo as coisas pro Sinhô.
Nóis pede dinhero,
Nóis pede trabaio
Nóis pede pra chovê
E se chove demais
Nóis pede pra pará
Mode a coiêta num afetá.

Nóis pede amô,
Nóis pede pra casá
Pede casa pra morá
Nóis pede saúde
Nóis pede proteção
Nóis pede paiz,
Nóis pede pra dislindá os nó
Quando as coisa cumprica
Mode a vida corrê mió.

Quano a coisa aperta nóis reza
Pedindo tudo que farta
É uma pedição sem fim
E quano as coisa dá certo,
Nóis vai na igreja mais perto
E no pé de argum santo
Que seja de devoção
Nóis deixa sempre uns merréis
E lá no cofre da frente
Nóis coloca mais uns tostão.

Mais hoje Meu Sinhô
Bateu uma coisa isquisita
E eu me puis a matutá
Nóis pede, pede e pede
Mais nóis nunca pregunta
Comé que o Sinhô tá
Se tá triste ou tá contente
Se percisa darguma coisa
Que a gente possa ajudá
E por esse esquecimento
O sinhô tem que nos adiscurpá.

Ói Deus, nóis sempre pensa
Que o Sinhô num percisa de nada
Mas tarvez num seja assim
Tarvez o Sinhô percise de mim
Sim, o Sinhô percisa, sim
Percisa da minha bondade
Percisa da minha alegria
Percisa da minha caridade
No trato c’os meus irmão.

Nóis semo seu espêio
Nóis semo a Sua Criação
Nóis num pode fazê feio
Nem ficá fazendo rodeio
Nem desapontá o Sinhô
Nem amargá o seu sonho
Que foi um sonho de amô
Quando essa terra todinha criô.

Ói Deus, eu prometo
Vô rezá de ôtro jeito
Vô pará com a pedição
E trocá milagre por tostão
Tarvez eu inté peça uma graça
Mas antes vô vê direitinho
O que é que andei fazendo de bão.
E se nada de bão eu encontrá
Muito vô me envergonhá
E ainda vô pedi perdão.

De ruas a pessoas: uma crítica ambiental

A finalização das obras da avenida Teotonio Vilela (Fundo do Vale), embora represente o fim de um longo período de restrições ao trânsito na região, reflete a miopia da administração municipal. Num momento em que o mundo discute e reproduz iniciativas em prol da chamada “sustentabilidade”, ainda que tal conceito seja uma utopia dado o nível de consumo da sociedade global, é triste perceber que um município com economia pujante, de perfil tecnológico e vanguardista, como São José dos Campos, não tenha movido esforços para um real aumento da qualidade de vida dos seus cidadãos. Por qualidade de vida entenda-se um termo mais abrangente, que envolve: ar mais limpo, menor geração de resíduos, maior qualidade das águas, maior e melhor mobilidade urbana, dentre outros itens. O fato é que as obras na avenida Teotônio Vilela, que já duram mais de uma década, se consideradas todas as intervenções após a ligação com o anel viário, sempre estiveram associadas à contenção de enchentes, sem nunca conseguir resolver definitivamente este problema. E a causa é simples: trata-se de um ponto de relevo baixo – é bom lembrar que a avenida foi construída sobre o córrego Lavapés – que recebe, invariavelmente, o aporte de águas pluviais de todo o entorno impermeabilizado. Enquanto diversas cidades em países desenvolvidos têm procurado resolver tais questões com a renaturalização de rios urbanos, nosso município tem investido em soluções anacrônicas de engenharia, as quais, numa análise de longo prazo, se mostram apenas paliativas e onerosas ao erário público. E basta percorrer outras obras no próprio anel viário – o alargamento das vias e a ocupação das margens do ribeirão Vidoca, nas avenidas Jorge Zarur/Mário Covas e Eduardo Cury – para perceber os elementos desta visão curta e ultrapassada de administração municipal. Esta, ao invés de aproveitar a lição do embargo temporário da obra de duplicação destas vias alguns dias antes da sua inauguração oficial – por desrespeitar os limites mínimos de distância de cursos d’água – e promover usos públicos diferenciados nestas áreas, optou pela ocupação econômica limitando-se a estabelecer tamanhos mínimos para empreendimentos no local.

Por outro lado, o alargamento das vias reflete um compromisso com o transporte individual em detrimento de qualquer iniciativa de redução de emissões atmosféricas. Não se percebe nenhuma outra ação neste sentido: o sistema de semaforização não é inteligente, o município não investe em inspeção veicular – como já ocorre, por exemplo no Rio de Janeiro -, não há incentivos a outras modalidades de mobilidade, como a bicicleta – apesar de haver lei neste sentido, a administração insiste no conflito conceitual e implanta precariamente ciclofaixas, como se estas vias cumprissem o papel das ciclovias.

A lista se estende a outros aspectos ambientais: apesar de existir legislação anti-ruído, os esforços se reduzem ao atendimento protocolar de reclamações, sem qualquer pro-atividade; a cidade cresce sem uma adequação e controle da poluição visual. Embora a criação da Secretaria de Meio Ambiente tenha sido entendida como um alento, a mesma sofre de um ostracismo político no seio da administração e possui pouca ou nenhuma ingerência sobre o planejamento municipal. Enquanto isso, o município atinge o patamar dos 700.000 habitantes, já bem acima do que estudos acadêmicos nos EUA dos anos 90, apontavam como sendo o limiar dos benefícios da economia de escala para cidades daquele país, em torno de 500.000 habitantes. Atualmente já não é preciso um estudo científico metódico e rigoroso para perceber a relação dose-resposta do crescimento da cidade e de seu ônus socioambiental.

Curiosamente, o prefeito Eduardo Cury, em um de seus discursos após a posse do atual mandato, preconizava um número pictórico de 1 milhão de habitantes como meta para uma São José dos Campos sustentável. Não sei onde o prefeito, ou sua assessoria, levantou tal número, mas posso dizer que em hipótese alguma ele refletiria o tamanho de uma cidade “sustentável”. Há que chegar o momento – e São José dos Campos está carecendo disso – em que uma liderança política, imbuída de uma visão peculiar e visionária, apontará o cenário de uma cidade onde a qualidade de vida se torne, de fato, e em seu caráter mais abrangente, o objeto de trabalho da administração municipal. Nada impede, e, aliás, seria algo muito auspicioso, que a mudança de visão ocorresse já.

Wilson Cabral de Sousa Júnior é professor-adjunto do ITA
Publicado no jornal Valeparaibano de 11/12/2009

Thunderbird 3

A notícia básica eu peguei lá no BR-Linux.

Já faz alguns anos que, dentro do possível, tenho focado a utilização de programas no computador somente para aqueles que podem ser classificados como “software livre”.

Desde o antigo StarOffice eu já vinha testando suítes de escritório, sendo que, só quando de sua última “transformação” para o BR-Office é que meus anseios acabaram por ser plenamente atendidos. Tudo funciona perfeitamente. Aliás, acho que nem sei mais utilizar os comandos do MS-Office…

Em termos de navegador também já há algum tempo utilizo o Firefox. Que eu me lembre já passei pelo Netscape e pelo Opera – e tive um breve flerte com o Google Chrome – mas é o Firefox que efetivamente me dá segurança e estabilidade para navegar na Internet.

E, no tópico clientes de e-mail (nomezinho esquisito…), originalmente fiquei com o Outlook, tendo passado um bom tempo com o Eudora, uma experiência nada feliz com o IncrediMail (odiei) e, por fim, tendo estacionado no Thunderbird (da Fundação Mozilla – mesmo povo que desenvolve o Firefox).

Só que, enquanto o Firefox permanecia no centro dos holofotes e cada vez mais vinha sendo desenvolvido e atualizado (até por uma questão de competitividade), o Thunderbird ficou lá no seu canto, quietinho, estacionado na versão dois-ponto-qualquer-coisa…

Mas agora, depois de uns dois anos de desenvolvimento, finalmente saiu a versão 3 do Thunderbird!

Quando da instalação (também disponível em português) ele não só tem condições de importar automaticamente suas contas e configurações de outros programas de e-mail, como também, caso já utilize o Thunderbird, também já traz toda sua organização por pastas e filtros existentes – tudo isso de uma maneira simples, rápida e eficiente.

Sua principal novidade (além de outros efeitos visuais e de configuração) é o suporte a abas, pois, assim como nos navegadores, agora também é possível abrir várias mensagens e telas do programa em uma mesma janela, facilitando tanto o acesso quanto a organização. Enfim, já sou usuário há anos e sou até suspeito para falar – então somente testando para que se possa comprovar a eficiência do bichinho…

Eventuais downloads diretamente lá no site da Fundação Mozilla – bem aqui.