Criatividade

Conheci e aprendi a gostar do personagem Calvin graças ao amigo Fábio, advogado e fã incondicional desse maroto. Através de outro amigo, o Bicarato, recentemente resgatei esse gosto. Essa tira abaixo é simplesmente o máximo: traduz de forma excepcional não só os anseios de escritores com seus textos, como os de advogados ante o prazo final que se aproxima.

Arcaicidades

Com todo o respeito que tenho ao órgão de classe dos advogados no qual sou inscrito, já disse mais de uma vez que discordo de determinados posicionamentos tomados pelo mesmo, eis que soam arcaicos e dissociados da dinâmica realidade na qual vivemos nos dias de hoje. Isso pode ser comprovado pelo meu posicionamento (de quase uns seis anos atrás) que pode ser visto na barra ali de cima, sob o título de “CONSULTAS”.

Pois bem. Também sou sócio da AASP (Associação dos Advogados de São Paulo), a qual manda quase que semanalmente um excelente material de consulta na forma de Boletim – fora os livros bimestrais, os cursos a preços módicos, as publicações (sempre corretas) e inúmeros outros benefícios. No Boletim de início de agosto (nº 2482) foi veiculado mais um posicionamento do Tribunal de Ética do qual discordo, pois acho que o livre exercício da profissão deve ser um direito do advogado, não podendo se curvar a posicionamentos – sob minha ótica – egoísticos.

Mas vamos à notícia. Trata-se da ementa de um acórdão do Tribunal de Ética da OAB/SP:

Assistência jurídica gratuita a membros da comunidade – Entidades escolares ou de ensino – Impossibilidade – Concorrência com programas de assistência jurídica já estabelecidos pela PGE/OAB e Faculdades de Direito – Possibilidade, mesmo que remota, de captação de clientela – Precedente. A prestação de assistência ou assessoria jurídica a pessoas da comunidade, carentes ou não, em entidade escolar ou de ensino por meio de advogados, adentra no campo da antieticidade, da captação de clientela e concorrência desleal, concorrendo, ainda, com programas de assistência jurídica às pessoas carentes financeiramente prestados pelo convênio PGE/OAB e pelas faculdades de direito. Qualquer prestação de assistência jurídica em estabelecimentos de ensino, religiosos ou similares, por mais altruísta que possa ser, necessariamente advém contato pessoal e preferência profissional para os casos presentes e futuros, ocasionando infração ética, ora coibida. Precedentes: E-1.637/98 e E-2.930/04 (Processo E-3.149/2005 – v.u., em 19/5/2005, do parecer e ementa do Rel. Dr. João Luiz Lopes).

Isso, pra mim, chama-se “nivelar por baixo”…

Horário Eleitoral Gratuito

Realmente. Se fosse pago, COM CERTEZA, ninguém ousaria se expor da maneira como faz a grande maioria dos candidatos. Confesso que ontem, pela primeira vez, tive a pachorra de assisti-los. Também confesso que cochilei antes do final…

O que primeiro me chamou a atenção foi a necessidade de chamar a atenção que é demonstrada pelos candidatos. Mas, para situá-los no meu raciocínio, antes vamos a um pouco de história genealógica: há alguns séculos a maior parte do povo simplesmente não tinha o que hoje denominamos sobrenome. Esse tipo de coisa somente era uma constante na realeza, que vivia traçando sua ascendência para comprovar a “nobreza” de sua estirpe. Mas o povo, de uma forma natural, começou a necessitar de uma identificação familiar, algo que caracterizasse seus descendentes. Daí foram traçadas as primeiras tentativas de se destacar em seu meio, quer seja através de sua ascendência (Robson, filho de Rob), de uma característica natural (Oswaldo, o vermelho; Sebastião, o coxo), de sua profissão (Adriano, o ferreiro), da localidade em que morava (José, dos campos), enfim, algo que identificasse de forma exclusiva aquele determinado núcleo familiar. É lógico que com o passar do tempo e a miscigenação foram surgindo variantes e adaptações fonéticas que perduram até os dias de hoje.

Mas o porquê desse assunto? Simples. Na identificação dos candidatos pode-se perceber claramente que eles procuram desesperadamente chamar a atenção para si, tentando destacar-se dos demais, através de alcunhas “exclusivas”, como fazia o povo de antigamente. Daí surgem os candidatos “perueiros”, “doutores”, “pipoqueiros”, “fofões”, etc, etc, etc.

Outra maneira pela qual procuram fazer isso é dizendo o óbvio. Prometem regularizar, regulamentar ou defender coisas que até mesmo a propria Constituição já faz! Isso quando não trazem frases do tipo: “fui eu quem apresentou tal projeto de lei” – ou, pior ainda: “eu votei a favor no projeto de lei tal”…

Oras bolas! Depois de tantos ANOS no poder era de se esperar que tivessem feito alguma coisa, não é?

É nítido o despreparo de uma grande parcela dos candidatos. Alguns mal conseguem se expressar, e nos casos extremos ainda surge alguém um pouco mais “famoso” e fala pelo candidato! Será que alguém votaria numa pessoa assim? Será que ele próprio votaria em si mesmo?

Outro detalhe comicamente curioso são os candidatos do Prona (vulgo “meu nome é Enéas!”). Será que para se filiar ao partido eles são obrigados a fazer um cursinho pra falar daquele jeito? Não importa se jovem, velho, homem, mulher, seja lá o que for, todos eles trazem exatamente o mesmo tipo de discurso entusiástico. Burlesco e caricato. Mas entusiástico.

De um modo geral, as promessas continuam vazias. Muitos se propõe a consertar esta ou aquela situação, mas simplesmente não dizem COMO irão fazê-lo. É fácil criticar algo que existe e dizer que fará diferente. Mas prestem atenção nas entrelinhas e nas letrinhas miúdas: há que se ter uma proposta concreta, factível; caso contrário teremos pura e simplesmente mais uma promessa de político em campanha…

Hoje tentarei assistir novamente – se não estiver muito cansado tenho certeza de que darei boas risadas!

De minha parte, votarei nos mesmos candidatos nos quais já votei anteriormente. Afinal de contas, acompanhei sua trajetória e sei o que eles fizeram no verão passado. E vocês? Lembram-se em quem votaram? Sabem o que eles têm feito?